O Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse, esta terça-feira, que a decisão israelita de banir do país a intervenção da UNRWA, a agência das Nações Unidas para a ajuda humanitária, “foi uma clara violação do direito internacional, que visa impedir os palestinianos deslocados de voltarem a casa”.
O parlamento de Israel aprovou uma lei que proibe a UNRWA de operar dentro do país, alarmando alguns dos aliados ocidentais, que temem que isso piore a já terrível situação humanitária em Gaza. Em comunicado, o Ministério das Relações Exteriores da Turquia disse que a medida visa interromper os esforços para alcançar uma solução de dois Estados para o conflito israelita-palestiniano, acrescentando que a UNRWA forneceu ajuda vital. "É obrigação legal e moral da comunidade internacional assumir uma posição forte contra as tentativas de proibir a UNRWA, que foi estabelecida por uma resolução da Assembleia Geral da ONU", disse o Ministério.
"Como presidente do Grupo de Trabalho sobre o Financiamento da UNRWA, a Turquia continuará a fornecer apoio político e financeiro à Agência", acrescentou. A Turquia tem criticado ferozmente as ofensivas de Israel em Gaza e no Líbano e interrompeu todo o comércio com Israel. Solicitou a participação no caso de genocídio contra Israel no Tribunal Internacional de Justiça e pediu o fim do apoio ocidental a Israel, nomeadamente no que tem a ver com a venda de armas.
Apesar das objeções dos Estados Unidos e das advertências do Conselho de Segurança da ONU, o parlamento de Israel aprovou por maioria esmagadora o projeto de lei que proíbe a UNRWA de trabalhar. Há mais de 70 anos que a UNRWA forneceu ajuda, educação e cuidados de saúde essenciais aos refugiados palestinianos.
"Existe uma conexão profunda entre o Hamas e UNRWA, e Israel não pode tolerar isso", disse Yuli Edelstein, um dos parlamentares que patrocinou o projeto de lei, ao apresentar a proposta. Como era de esperar, o Hamas considerou o projeto um ato de "agressão sionista", enquanto a Jihad Islâmica descreveu a proibição como "uma escalada no genocídio".
Vários aliados ocidentais de Israel expressaram inquietação com a proibição, com o primeiro-ministro britânico Keir Starmer a dizer que a Grã-Bretanha está "gravemente preocupada". A Alemanha - que tem sido um defensor incansável de Israel - alertou que a decisão " tornaria impossível o trabalho da UNRWA em Gaza, na Cisjordânia e em Jerusalém Oriental, colocando em risco a ajuda humanitária vital para milhões de pessoas".
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a lei israelita pode ter "consequências devastadoras" se implementada e "provavelmente impediria a UNRWA de continuar o seu trabalho essencial". O chefe da UNRWA, Philippe Lazzarini, alertou que a decisão "estabelece um precedente perigoso".