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Trimestre termina com OPA e aquisições no sector dos lacticínios

Março : O país despediu-se do primeiro trimestre de 2024 com transações importantes em indústrias diversas como químicos, papel, energia, retalho, agroalimentar ou tecnologia. Ofertas públicas de aquisição além-fronteiras destacam-se nas operações.

Março pode ficar resumido numa sigla: OPA. Duas grandes empresas portuguesas, a Bondalti e a Navigator, lançaram ofertas públicas de aquisição a grupos de relevo nas indústrias dos químicos em Espanha (Ercros) e do papel no Reino Unido (Accrol) num claro movimento de consolidação. Já a Sonae, que concluiu a OPA à finlandesa Musti há exatamente um mês, fez uma emissão de obrigações no valor de 150 milhões de euros, com maturidade até novembro de 2028, para financiar a compra.


Mais agitação houve ainda na área dos lacticínios em Portugal com as compras que a francesa Lactalis e a Lactogal fizeram em terras lusas sem apresentar detalhes financeiros. O Jornal Económico sabe que a assessoria financeira à aquisição da Queijos Santiago esteve a cargo da EY Portugal, através dos consultores Miguel Farinha, Jaime Rocha, Anca Puiu, Inês Carvalho, Diogo Cunha, Gonçalo Ferreira e Francisca dos Santos.


Os dados recolhidos até 10 de abril, referentes a fevereiro, mostram que o primeiro bimestre de 2024 foi positivo para o mercado de M&A (Mergers & Acquisitions) em Portugal. No acumulado desses dois meses, foram concretizados 107 negócios num total de 1,1 mil milhões de euros, de acordo a TTR Data. Ainda assim, só pouco mais de um terço (35%) dessas operações tiveram os seus valores publicados.
Trata-se de um crescimento homólogo de 1% no número de transações e um aumento de 6% no capital movimentado, comparativamente ao primeiro bimestre de 2023. Apenas em fevereiro, foram registadas 39 fusões e aquisições, entre anunciadas e encerradas, num valor total de 881,49 milhões de euros.

 

Energia hidráulica
Importa também realçar o “negócio de fevereiro” – só anunciado em março – para os analistas da TTR Data: a aquisição de quatro mini-hídricas (Pereira, Canedo, Teixo e Vilar do Monte) no norte do país por parte da Rainergy à francesa Mirova, que pertence à Natixis. O preço desta operação no sector da energia hidráulica foi 39,45 milhões de euros e a assessoria jurídica esteve a cargo da Costa Pinto & Associados e da Linklaters Portugal.


No entanto, em termos de sectores de atividade, em geral destaca-se novamente o imobiliário, com 20 transações em janeiro e fevereiro, seguindo-se a tecnologia (Internet, software e serviços de TI) com 15 operações, o qual significou uma subida de 36% em relação ao mesmo período do ano passado.


Espanha e Singapura foram os países que mais investiram em Portugal: 14 e dez transações, respetivamente. Já as empresas portuguesas escolheram Espanha e Estados Unidos como principiais destinos de investimento: oito e três transações, pela mesma ordem.


Discriminando por private equity e capital de risco, foram registadas oito transações de private equity e 29 rondas de investimento de venture capital, mais 52% do que em janeiro e fevereiro de 2023, num acumulado de 85 milhões de euros. No segmento de asset acquisitions (compra de ativos), foram 29 deals, menos 14%, num valor de 842 milhões de euros.


É expectável que este valor volte a aumentar na contagem final do primeiro trimestre, uma vez que, por exemplo, a Lince Capital investiu em pelo menos duas rondas superiores a dois milhões de euros: nas startups portuguesas Evio (mobilidade elétrica) e Vawlt (armazenamento de dados online). Por sua vez, a Tonic App - que aplica algoritmos na gestão da saúde - encaixou 10,85 milhões de euros, num financiamento encabeçado pela BlueCrow e Iberis.