A existência de regras não quer dizer que as pessoas as cumprem. A cultura da ‘cunha’ em Portugal pode sobrepor-se às regras porque há pouca gente que as fiscalize?
Depende das organizações. Organizações com boa governance, fazem isso. Vou dar um exemplo, eu fiz três mandatos na Galp e no último mandato eu era o presidente da comissão de risco e vice presidente da comissão de Auditoria. E nós acompanhávamos atentamente cumprimento das regras de compliance, de performance, de ética, etc. Portanto, a empresas bem organizadas, sobretudo empresas cotadas, fazem isso. Aliás, nós não temos só más notícias no país. Uma boa notícia que nós temos é que nós, do Instituto Português de Corporate Governance, fazemos a avaliação do cumprimento das regras do código de Corporate Governance para as empresas. E nós temos vindo a notar uma melhoria do cumprimento das regras dos códigos. E os códigos tratam disso completamente. Mas isso já está generalizado? Não está ainda, infelizmente. Mas eu sou otimista nesse aspeto. Acho que há um movimento nesse sentido.