A Sporting SAD financiou-se em 50 milhões de euros junto de mais de 4.200 investidores. A procura superou em 1,33 vezes a oferta, atingindo os 66,4 milhões de euros.
"O sucesso desportivo não pode ser alcançado sem sucesso financeiro: têm de estar de braços dados. Vamos continuar no mercado de capitais", disse na segunda-feira o administrador financeiro da Sporting SAD durante o evento de apresentação da emissão.
Francisco Salgado Zenha recordou que a procura desta oferta superou a da anterior, em 2018, em cinco vezes. "Quero agradecer aos investidores pela confiança. Atingimos um número recorde de investidores num contexto de duas guerras, conjuntura macroeconómica adversa, inflacionista, subidas de taxas de juro, spread muito abaixo do que fizemos no passado, fazer uma operação tão bem sucedida".
"Não é por darmos uma goleada que ganhamos o campeonato. Este é mais um passo para a sustentabilidade financeira", sublinhou na apresentação. "A nossa estratégia passa por aumentar o leque de alternativas de financiamento. Quisemos sempre manter o pé no mercado de capitais, é uma fonte importante": "temos sempre de ter todas as alternativas em cima da mesa".
Sobre um novo empréstimo obrigacionista, disse que "todas as possibilidades estão em cima da mesa", mas que "não está minimamente definido o que vai acontecer nos próximos anos".
Reforçou a necessidade de ter uma "gestão financeira e de tesouraria cada vez mais prudente e conservadora" e de "criar almofadas de liquidez" para dar "conforto no longo prazo".
A almofada permite também ter "mais capacidade de gestão dos mercados de transferência e de outras atividades" e de ter a "capacidade de gerir momentos".
A operação consistiu na emissão de 30 milhões de euros de obrigações de quase quatro anos, com uma taxa de juro fixa de 5,75% ao ano (brutos). Ao mesmo tempo, foi lançada uma operação para renovar obrigações emitidas em 2021 que expiravam no final deste ano. Neste âmbito, foram colocados 20 milhões de euros.
Questionado se o Sporting teria um novo sponsor do mundo das criptomoedas, depois da experiência com a Bitci, o gestor adiantou que não existe nada.
"Já tivemos uma experiência no passado que não foi bem sucedida com a Bitci. O mercado de criptomoedas é muito específico, está a recuperar com muita força. Queremo-nos manter sempre presentes em todas as alternativas. Não temos nada definido e nada fechado. Estamos atentos a todas as alternativas", afirmou.
A data de liquidação é o dia 27 de março, sendo este o dia também de admissão das novas obrigações.
Sobre a entrada de um acionista minoritário, Francisco Salgado Zenha disse que "neste momento não está nada definido", destacando que a reestruturação financeira e a recompra dos VMOC permite encarar este tema "de outra maneira", com o clube a ter mais "conforto".
"A Sporting SAD tem hoje mais capacidade de ir ao mercado de ações. Recuperar a totalidade dos VMOC era fundamental. A nossa intenção era garantir almofada de liquidez para nos dar conforto", acrescentou. "Hoje temos mais conforto para gerir estes momentos", isto é, sem pressão.
"Penso que é visível que esta época acabámos por ter muito poder negocial e ter muita capacidade para gerir o nosso timing. O que estamos a fazer é solidificar esta posição, para nos dar conforto para abordar estes períodos ainda com mais força. Estamos preocupados em criar condições com maior estabilidade", rematou.
A Sporting SAD conta com uma capitalização bolsista acima de 60 milhões de euros. O clube detém 75% do capital da SAD, com a Holdimo a deter quase 10%, mais 12,4% imputáveis ao SCP e 2,1% de capital disperso.