Num cenário em que o país – tal como uma grande parte do resto da Europa – passa por uma crise de habitação como não se registava há décadas, a Sonae Sierra assume a "responsabilidade social em ajudar o país a resolver o problema da habitação", referiu, em encontro com jornalistas esta terça-feira, o CEO do grupo, Fernando Guedes de Oliveira.
Nessa ordem de ideias, o braço armado do grupo Sonae para o sector imobiliário tem em vista aprofundar a sua exposição ao modelo built-to rent (arrendamento), " uma área em franco desenvolvimento nos mercados europeus, mas ainda incipiente em Portugal" – mas que, tudo o indica – nomeadamente o preço da habitação no mercado de venda – irá ser cada vez mais procurada.
Mas a aposta na habitação para rendimento não esmorece o ‘apetite’ da Sierra por todos os restantes segmentos do universo imobiliário. Co-living, serviced apartaments, residências para estudantes e residências para seniores fazem parte da agenda para os próximos anos, que Fernando Guedes de Oliveira carateriza como de consolidação do crescimento que o grupo já atingiu. O que não está em vista é favorecer os projetos do grupo que precisem de se acomodar dentro de quatro pareces: “para nós, a Sonae é um cliente que cumpre as regras da concorrência” – isto é, e por exemplo, nenhuma insígnia do grupo pode contar com favorecimentos quando aluga um espaço num dos shoppings detidos ou geridos pela Sierra.
No quadro do desenvolvimento dos seus ramificados interesses, a Sierra concluiu uma parceria com a norte-americana PGIM Real Estate para a compra de ativos na área da hotelaria em destinos consolidados no espaço ibérico. A PGIM Real Estate é um dos maiores gestores mundiais de imobiliário, com uma carteira sob gestão de 210 mil milhões de dólares. A Sierra detém uma posição de cerca de 10%e a Iberian Hospitality Solutions também está presente no capital.
Fora da Europa, “queremos continuar a crescer, alavancando no nossos know-how de 35 anos como promotor de centros comerciais”. A Sierra é acionistas de referência do maior operador de centros comerciais da América Latina, a Allos, que resulta da fusão da Alliansce Sonae com a brMalls. Três dos ativos mais emblemáticos estão situados na Colômbia (um em Cúcuta e outro em Pasto, junto à fronteira com o Equador) e em Marrocos.
Fernando Guedes de Oliveira teve ainda oportunidade de referir que, no ano e, que a Sierra cumpre 35 anos (2024), “iniciou um novo ciclo de crescimento com uma operação integrada multinacional no sector imobiliário”. Com projetos realizados em mais de 35 países por equipas estabelecidas em 11, gerindo atualmente cerca de 7 mil milhões de euros em ativos, o ano de 2023 ficou marcado pelo registo de 100 milhões de euros de EBITDA, investimento da ordem dos 700 milhões em oito projetos urbanos. As receitas de serviços – área que passou a ser ‘core’ - cresceu 14% face a 2022 e, ao mesmo tempo, as vendas de lojistas dos centros comerciais (da Europa), fixaram-se nos 3,4 mil milões de euros, um aumento de 11% face a 2022 e o melhor resultado alguma vez registado.