Bem antes de a palavra ‘populismo’ ter entrado no léxico corrente do discurso político ocidental, o casal argentino Eva e Juan Peron (que chegou ao poder em 1946 e aparentemente nunca mais de lá saiu) ensaiou na prática aquilo que em teoria ainda não está totalmente definido. Misturando política, intimidade, lágrimas, economia e uma forma ao mesmo tempo complexa mas razoavelmente bem sucedida de justiça social redistributiva – sem nunca ter impedido que o capital internacional se remunerasse principescamente no interior das fronteiras – o peronismo foi, no quadro histórico dificilmente repetível em que sucedeu, a quadratura do círculo por que os argentinos se apaixonaram para sempre.