O Partido Progressista Sérvio, do presidente Aleksandar Vucic, é o grande vencedor das eleições municipais do país – que é um dos mais fortes candidatos a encabeçar a lista dos países dos Balcãs Ocidentais que pretendem entrar na União Europeia. O partido conseguiu 52,85% em Belgrado, a capital, tendo estendido o seu domínio de forma homogénea sobre o território, anunciou a Comissão Eleitoral Municipal (GIK).
A lista ‘Eu também sou Belgrado’, do movimento ‘Para a Mudança’, obteve 17,61% dos votos e o terceiro lugar foi para a lista ‘Nós escolhemos Belgrado’ com 12,17%. A lista ‘Nós, o Poder do Povo’ surge a seguir – numa lista fechada (com um deputado eleito) pelo partido minoritário russo.
As eleições na Sérvia foram realizadas em 89 cidades e municípios, e a coligação em torno do partido de Vucic conquistou o poder em todos eles, exceto Tutin, Kanjiza, Senta e Backa Topola.
Segundo os analistas, o reforço de hegemonia do Partido Progressista Sérvio já era esperado, principalmente porque a oposição não consegue apresentar-se ao eleitorado de forma homogénea. Ao contrário, dispersa-se por vários agrupamentos – dando clara evidência de que não conseguem estabelecer um mínimo de comum para afrontar o poder de Vucic – personalidade que merece algumas reticências da parte da União Europeia.
A desilusão ou apatia de alguns eleitores da oposição influenciou os resultados em favor do partido de Vuviv, disse Zoran Stojiljkovic, investigador da Faculdade de Ciências Políticas de Belgrado, à Radio Free Europe (RSE). Alguns partidos da oposição boicotaram as eleições – o que é costume na Sérvia – dizendo que as condições não melhoraram desde dezembro, quando o governo foi acusado de fraude eleitoral. A coligação do governo juntou “tudo e todos, de eleições em eleições. Expandiram a sua coligação” ocupando todo o espaço político do país, referiu ainda.
Entretanto, a Organização para a Segurança e Cooperação na Europa (OSCE) afirmou já que as eleições deste domingo foram afetadas negativamente por pressões e mau uso de recursos estatais e dos meios de comunicação. O processo foi afetado pela pressão generalizada sobre os funcionários do sector público, pelo uso indevido de recursos estatais e meios de comunicação que favoreceram o governo, disse o chefe da Missão de da OSCE, Lamberto Zannier, esta segunda-feira.
Apresentando conclusões preliminares da Missão de Acompanhamento, Zannier disse que o dia da eleição “geralmente transcorreu sem problemas”, mas que os observadores da organização avaliaram negativamente a votação em 7% das secções eleitorais observadas “devido às frequentes violações do sigilo do voto, bem como da organização das próprias mesas de voto”. Os observadores também destacaram vários exemplos de irregularidades graves, incluindo casos de compra de votos e pressão sobre os eleitores, bem como deficiências processuais: votação em grupo e votação por procuração”, disse Zannier. E acrescentou que também foram registados casos isolados de violência.
“O uso de nomes e figuras diferentes para listas de oposição e várias listas com nomes semelhantes, que supostamente foram declarados para confundir os eleitores, afetou a capacidade dos eleitores de tomarem uma decisão totalmente informada sobre em quem votar”. Zannier explicou ainda que o cenário midiático é “profundamente polarizado” e que “reportagens seletivas dos media limitaram a conscientização dos eleitores sobre tópicos relacionados com as eleições locais”. Os meios de comunicação públicos concentraram-se principalmente no presidente, no governo e nos partidos no poder.
Aquele responsável sublinhou – como já aconteceu antes na Sérvia – não foram tidas em conta várias recomendações avançadas pela OSCE, incluindo a garantia de condições equitativas para a participação nas eleições, medidas destinadas a prevenir a utilização abusiva dos recursos administrativos, o controlo dos meios de comunicação social e o financiamento das atividades de campanha. Após as eleições de dezembro, a OSCE emitiu 25 recomendações às autoridades sérvias para melhorar as condições eleitorais. Sem efeito.