A Corporação Financeira Internacional (IFC, na sigla em inglês), o braço do grupo Banco Mundial que tem por missão o desenvolvimento dos países emergentes através do apoio ao sector privado, vai aumentar o financiamento em Angola para, pelo menos, 200 milhões de dólares (cerca de 180 milhões de euros), no ano fiscal que começou em julho e se prolonga até junho de 2025.
A carteira de investimentos comprometidos da IFC em Angola é, atualmente, de 68,5 milhões de dólares (cerca de 61,6 milhões de euros), com foco na indústria transformadora, no agronegócio e no aumento da disponibilidade de serviços financeiros no país, em particular para as pequenas empresas.
Em entrevista ao Jornal Económico (JE), o vice-presidente da IFC para o Médio Oriente e África, o português Sérgio Pimenta, afirma que a organização já trouxe mais de 500 milhões de dólares [cerca de 450 milhões de euros] para o financiamento do sector privado em Angola, mas que existe potencial para mais.
“Nós temos a ambição, este ano, de fazer muito mais, afirmou, em Luanda, à margem de uma mesa-redonda sobre as Parcerias Público-Privadas no Caminho do Desenvolvimento Socioeconómico Sustentável, citado pela Lusa. “Temos capacidade de fazer mais, as oportunidades estão cá e acho que podemos trazer valor a este país, para ajudar a se desenvolver, alavancando a eficácia que o sector privado pode trazer”, acrescentou.
Ao JE diz que vê o sector privado angolano com “capacidade de contribuir, de participar de maneira mais forte na economia” e promete apoio.
Como tem evoluído a atividade da IFC em Angola?
A atividade da IFC em Angola tem aumentado nestes últimos anos. Nós abrimos o nosso escritório aqui em Luanda em 2019 e nos últimos cinco anos, até hoje, mobilizámos mais de 500 milhões de dólares [cerca de 450 milhões de euros] para o financiamento do sector privado em Angola. Isto é, o conjunto tanto das operações a longo prazo, como a curto prazo, que são operações que nós trazemos que têm muito impacto na economia angolana.
Que tipo de projetos tem o IFC financiado em Angola?
Nós queremos aqui apoiar sectores que tenham impacto na qualidade da vida dos angolanos, que tenham impacto no desenvolvimento socioeconómico do país, que possam criar emprego e que tenham, evidentemente, um bom impacto ao nível ambiental e social.
Os projetos que nós financiámos até hoje têm-se concentrado nos sectores da saúde e no sector financeiro, porque trabalhamos com bancos para trazer financiamento para as pequenas e médias empresas angolanas.
Fizemos bastante trabalho, também, em projetos de conselho. Não só fazemos investimento, mas também temos equipas que podem fazer conselho, tanto ao Governo – sobre questões de desenvolvimento do sector privado –, como conselho a empresas do sector privado, diretamente sobre temas que podem interessar, quer seja governança corporativa, questões ambientais e sociais, etc.
Que papel pode ter a iniciativa privada no desenvolvimento da economia angolana?
A economia angolana tem um potencial considerável e para desenvolver esse potencial vai necessitar não só de fundos públicos, mas também de fundos privados. Infelizmente, os fundos públicos não são suficientes para cobrir as necessidades de desenvolvimento dos países hoje em dia, nós sabemos isso muito bem e, por isso, o sector privado tem um papel muito importante a desempenhar, em termos não só de trazer capital, mas também trazer conhecimento, trazer eficácia, trazer eficiência na maneira de trabalhar, porque isso é que permite o desenvolvimento dos países. E Angola não faz exceção nessa regra.
Eu vejo em Angola um sector privado que tem a capacidade de contribuir, de participar de maneira mais forte na economia e é isso que nós na IFC queremos apoiar com os nossos os investimentos, os nossos fundos, mas também com os nossos serviços de conselho.
Que objetivos tem a IFC para Angola para este ano e para o próximo?
Nós temos objetivos ambiciosos aqui. Eu vejo que com a equipa que nós montámos aqui, em Luanda, temos gente de grande qualidade, com experiência em vários sectores, que está baseada aqui e que pode também trazer a experiência de outros colegas que estejam baseados em outros escritórios em África e através do mundo para apoiar o desenvolvimento da economia angolana. As nossas ambições são fortes. Eu acho que nós temos a possibilidade de trazer mais financiamento, financiamento a longo prazo, que é necessário, e contribuir ao desenvolvimento do país para criar mais empregos, para se apoiar a juventude, as mulheres angolanas, que precisam também de apoio em termos de ter uma maior participação na atividade económica. E isso é o que nós queremos fazer.