Não adianta haver financiamento se não houver bons projetos para financiar sendo que a capacidade de fomentar carteiras bancárias por parte dos bancos de desenvolvimento é uma das áreas que mais tem crescido nos últimos dez anos. Esta foi uma das principais ideias deixadas por Maria Netto Schneider, diretora executiva do Instituto Clima e Sociedade, em entrevista ao podcast “Descomplicar as Finanças Sustentáveis”. Neste segundo episódio da segunda temporada explorámos o papel dos Bancos de Desenvolvimento na transição para as Finanças Sustentáveis. Este podcast é o resultado da parceria entre o Jornal Económico, o Centro de Finanças Sustentáveis do ISEG e a Embaixada do Reino Unido em Lisboa. Este conteúdo tem como objetivo tornar o tema mais acessível e destacar o papel do setor financeiro no combate as alterações climáticas. Além da capacidade de criação destas carteiras bancárias, Maria Netto Schneider assinala mais duas vantagens associadas ao papel dos bancos de desenvolvimento nesta transição e que, no entender desta especialista, têm evoluído nos últimos anos: “É possível perceber que há a criação do ambiente de negócios (para efeitos de regulação e boas práticas) e o trabalho com os reguladores do sector financeiro para interiorizar o tema da sustentabilidade é fundamental para dar essa sinalização. Com os produtos financeiros, estes bancos podem alavancar investimentos e reduzir a pressão fiscal pública porque podem oferecer garantias de que há um custo fiscal”, realçou. Da mesma forma, esta especialista encara como fundamental o papel dos bancos de desenvolvimento tendo em conta a inovação e a capacidade de medir o impacto de um investimento sustentável, além da possibilidade de “desbloquear investimentos” numa “relação única” entre o público e o privado. No entanto, esta especialista nota alguns problemas que se colocam muitas vezes nos investimentos sustentáveis e que passam pelo facto de se tratar de novas tecnologias ou financiamentos com retornos de muito longo prazo, assim como riscos associados a modelos de negócio mal estruturados. “Os investidores e financiadores até podem interessar-se em apoiar esses negócios mas deparam-se com um risco relacionado com o investimento ou simplesmente não há apetite para avançar para um financiamento de muito longo prazo”, detalhou. No entender desta responsável, “os bancos de desenvolvimento nacionais podem ajudar a cobrir alguns desses riscos e combinar instrumentos que possam permitir ao sector privado a assumir o risco e a perceber o retorno”.