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Saúde a ferro e fogo. "Não aceitamos maus acordos para o SNS"

O Governo subiu a proposta de aumento salarial para os 8,5% mas os sindicatos médicos entendem que ainda está muito longe dos 30% pedidos. Sindicatos e tutela de Pizarro voltam a encontrar-se na quarta-feira de manhã.

A reunião entre os sindicatos médicos e o Ministério da Saúde terminou, novamente, num impasse por causa do aumento salarial. Devido à falta de acordo deste sábado, ficou agendada uma nova reunião para quarta-feira, 8 de novembro.

A Federação Nacional dos Médicos (FNAM) e o Sindicato Independente dos Médicos (SIM) voltaram a sair do encontro com a tutela de mãos vazias. Apesar do Governo ter subido a proposta dos iniciais 5,5% para 8,5%, os sindicatos médicos consideram que não existiu uma aproximação às suas reivindicações.

À saída da reunião, Joana Bordalo e Sá da FNAM acusa o Governo de "falta de vontade política", depois da equipa de Manuel Pizarro ter chegado à reunião com a mesma proposta do encontro anterior. "A proposta do Governo é praticamente igual à anterior. Não há nenhuma evolução em relação à grelha salarial", adiantou a presidente da FNAM.

O Ministério da Saúde vai trabalhar numa nova proposta, enviando-a para ambos os sindicatos. Mas a líder da federação coloca a questão no ar: "Será que reflete aquilo que foi discutido nesta reunião?".

"A FNAM não vai assinar um mau acordo para os médicos. Acima disso, não vamos assinar um mau acordo para o SNS", considerou Joana Bordalo e Sá.

Sobre os 30% de aumento colocados em cima da mesa por parte dos sindicatos, a presidente da FNAM evidenciou que se trata de "um valor mínimo". "É uma atualização da nossa grelha salarial para podermos repor o nosso poder de compra".

"A verdadeira negociação seria discutir sobre como faseávamos isto, mas não estarmos dependentes de métricas que não dependem dos médicos", atirou. Joana Bordalo e Sá apontou que percebem que a atualização não seria possível para janeiro e abriu a porta a um aumento faseado para os profissionais médicos do SNS.

O SIM é da mesma opinião que o sindicato parceiro das negociações. "A proposta governamental não traz praticamente nada de novo que possa contribuir para que o Sindicato Independente dos Médicos possa assinar um acordo global que permita pacificar o SNS, satisfazendo as legítimas expectativas salariais dos seus médicos".

Contraproposta fica "aquém" para sindicatos médicos

Depois da proposta inicial de 5,5% de aumento, que os sindicatos rejeitaram nas primeiras reuniões, Manuel Pizarro contrapôs com 8,5%. Ainda assim, os sindicatos médicos não concordam com o novo valor colocado em cima da mesa.

Nas palavras de Joana Bordalo e Sá, esta nova verbalização "está muito aquém de chegarmos ao valor desejável e necessário".

O SIM lembra, do mesmo modo, que se mantém "a inaceitável assimetria de propostas de melhorias salariais para os diferentes regimes de trabalho".

"A anunciada melhoria de 8,5% não é mais do que o valor oferecido na reunião anterior de 5,5%, acrescida dos 3% da administração pública", critica o sindicato liderado por Jorge Roque da Cunha.

"Mantém-se na proposta governamental a redução do tempo de trabalho semanal para 35 horas e das horas semanais dedicadas à urgência para 12 horas, mas condicionadas pela existência de resultados no funcionamento do SNS que não dependem dos médicos", apontou o SIM, levantando a mesma questão que a FNAM.

Joana Bordalo e Sá lembrou que o regresso da jornada semanal de 35 horas, o retorno às 12 horas de urgência e os dias de férias são "medidas sem impacto orçamental".

"Se estas medidas forem cumpridas, é possível chegar a um acordo. Só não chegamos a um acordo se o Governo não quiser", notou.

Outra questão levantada pela líder da FNAM foi o fim do descanso compensatório dos médicos após fazerem noite e dos médicos que não fazem urgências serem obrigados a trabalhar aos sábados. Só o fim do descanso compensatório, nota a FNAM, "coloca doentes e os próprios médicos em risco, o que não é aceitável de forma alguma".