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Rússia teme novos ataques ucranianos no seu território

Vladimir Putin fecha a porta à possibilidade de negociações de paz e concentra novas forças na região de Kursk, de onde foram deslocalizados mais de 120 mil russos.

A “provocação armada da Ucrânia na fronteira russa” visa reforçar a posição de Kiev em futuras negociações, mas as conversas com um governo que ataca civis não fazem sentido, disse o presidente russo, Vladimir Putin, citado pela agência russa TASS. O Kremlin fecha assim aquilo que poderia ser uma evolução para negociações de cessar fogo, ao mesmo tempo que concentra novos contingentes militares na região – de onde foram deslocalizadas pelo menos 121 mil pessoas – depois de terem sido registadas 12 mortes civis.

"Agora está claro porque o regime de Kiev recusou as nossas propostas de retornar ao plano de uma solução pacífica" para a invasão, disse Putin. "O inimigo, com a ajuda de seus mestres ocidentais - está a cumprir as suas ordens e o Ocidente está a travar uma guerra contra nós usando os ucranianos", afirmou ainda o presidente russo. "Mas sobre que tipo de negociações podemos falar com pessoas que atacam indiscriminadamente civis, infraestruturas civis ou tentam criar ameaças às instalações de energia nuclear",questionou o presidente. "Sobre o que podemos falar com eles?" Putin promete "uma resposta digna" à ofensiva ucraniana.

O assessor do chefe do gabinete presidencial ucraniano, Mikhail Podolyak, disse que a Ucrânia poderia melhorar a sua posição de negociação com a ajuda de uma operação em território russo – aparentemente aprovada pelo Ocidente. Recorde-se que as forças ucranianas iniciaram um grande ataque à região de Kursk a 6 de agosto passado. Os hospitais admitiram 69 pessoas feridas nos bombardeamentos, disse o ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko. Deessas pessoas, 17 estão em estado grave. De acordo com os dados mais recentes do Ministério da Defesa da Rússia, a Ucrânia terá perdido cerca de 1.350 soldados, 29 tanques e 23 veículos blindados desde o início das hostilidades na região de Kursk.

Alexei Smirnov, governador da região, disse que os seis dias de ataque terrestre ucraniano resultaram na perda de 28 regiões administrativas. Entretanto, uma nova ordem de evacuação foi emitida na região vizinha de Belgorod, já que o distrito de Krasnaya Yaruga teme uma incursão das forças ucranianas, de acordo com Vyacheslav Gladkov, governador regional, citado pela mesma fonte. Oleksandr Syrskii, chefe das forças armadas ucranianas, disse num vídeo publicado nas redes sociais pelo presidente Volodymyr Zelensky que as "operações ofensivas na região de Kursk" continuam. "A partir de agora, cerca de mil km2 do território da Federação Russa estão sob nosso controlo", disse Syrskii. Zelenskyy ordenou a preparação de um "plano humanitário" para a área.

Entretanto, o Ministério da Defesa da Rússia diz que forças e recursos adicionais chegaram à região de Kursk, mas não detalhou o número de tropas ou o volume de equipamentos para ali deslocados. "Veículos pesados estão a ser enviados” para locais “onde as forças armadas ucranianas estão a ser bloqueadas e para garantir a segurança ", informaram os militares russos, citados pelas agências internacionais. Ao mesmo tempo, o ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, disse que conversou com o seu homólogo francês, Sebastien Lecornu, sobre a proibição do uso de armas ocidentais para atacar a Rússia, tendo pedido a sua suspensão. Em maio, o presidente francês, Emmanuel Macron, disse que a Ucrânia poderia "neutralizar" alvos no território da Rússia, mas apenas locais "de onde os mísseis são disparados" e "não outros alvos civis ou militares".

Os Estados Unidos – por via da NATO – têm imposto a proibição de ataques em território russo com o uso de armas ocidentais. Mas a administração de Joe Biden, temendo uma concentração de forças contrárias à Ucrânia na região de Kursk, deixou saber que os Estados Unidos alertaram para uma resposta “severa”, se o Irão transferir mísseis para a Rússia. O porta-voz do Departamento de Estado, Vedant Patel, disse, citado pela imprensa norte-americana, que a administração está preparada para dar "uma resposta rápida e severa se o Irão avançar com a transferência de mísseis balísticos". Essa transferência representaria "uma escalada dramática no apoio do Irão à guerra da Rússia contra a Ucrânia". A agência Reuters citou há dias duas fontes dos serviços secretos de países europeus que afirmam que dezenas de militares russos estão a ser treinados no Irão para usar o sistema de mísseis balísticos de curto alcance Fath-360.