Com o número de mortos confirmados no ataque terrorista de 137 – a que se somam, segundo a imprensa russa, 180 feridos, o presidente russo, Vladimir Putin, insiste na narrativa de que o ataque de há três dias tem por trás a organização do regime de Kiev. Indiferente – pelo menos publicamente – às evidências que ligam o ataque ao grupo jihadista islâmico ISIS (nomeadamente a própria assunção por parte dos seus dirigentes), Putin insiste que serão com certeza os ucranianos os responsáveis pelo ataque terrorista.
A comunidade internacional assegura que não há qualquer evidência de que se trate de um ataque ucraniano – até porque os parceiros que apoiam Kiev não iriam tolerar semelhante modus operandi – e os Estados Unidos recordam que alertaram Moscovo para a eventualidade do ataque jihadista depois de encontrar sinais disso em escutas.
O Comité de Investigação Russo disse à agência TASS que “a identificação dos mortos continua. Até o momento, 137 corpos foram encontrados. Três deles são crianças. Até agora, 62 (domingo) corpos já foram identificados”. A mesma fonte adianta que foram encontrados “quatro conjuntos de equipamentos de combate, mais de 500 cartuchos, duas armas Kalashnikov e um revólver Makarov quando os suspeitos foram identificados em Bryansk.
Segundo a TASS, onze suspeitos de envolvimento no ataque terrorista foram detidos, incluindo quatro assassinos contratados que tentavam fugir em direção à fronteira ucraniana. A comunidade internacional divida desta informação, até porque os suspeitos foram detidos a poucos quilómetros (menos de 20) da fronteira com a Bielorrússia e a mais de uma centena da Ucrânia.
Mesmo assim, Vladimir Putin disse num discurso televisionado que, de acordo com informações preliminares, a Ucrânia estava a preparar “uma brecha” na fronteira para os terroristas poderem atravessá-la. E prometeu identificar e responsabilizar todos os que estiverem ligados ao ataque. O dia de domingo foi de luto nacional.
Os ataques terroristas e a guerra híbrida do Ocidente não forçarão a Rússia a mudar o seu curso e a sua política externa, disse entretanto o embaixador russo nos Estados Unidos, Anatoly Antonov, à TASS. “Quero dizer que não há mudança na política externa, no rumo do presidente, particularmente depois das eleições, nada mudará”, disse o embaixador. “Este golpe não mudará a nossa linha, o nosso rumo, continuaremos nosso trabalho”, observou Antonov, referindo-se ao ato terrorista.
Foi o Ocidente que escolheu a linha para a guerra híbrida com a Rússia, indicou o embaixador. “Se eles escolheram a linha visando minar a Rússia, ataques contra a Rússia com a ajuda da Ucrânia neste caso, essa é a escolha deles”, afirmou Antonov. “Tudo o que eles estão a fornecer a Kiev, tudo será destruído”.
Narrativa idêntica surge da parte do antigo primeiro-ministro e presidente Dmitry Medvedev. Os terroristas do regime de Kiev devem ser encontrados e eliminados, incluindo as autoridades, se se descobrir que estão por trás do ataque terrorista em Moscovo, disse o agora vice-presidente do Conselho de Segurança da Rússia.
“Se for estabelecido que os terroristas do regime de Kiev são os culpados, será impossível lidar com eles e com os seus ideólogos de outra forma. Todos eles devem ser rastreados e impiedosamente eliminados como terroristas. Incluindo funcionários do Estado que cometeram tal atrocidade”, escreveu Medvedev. “Morte pela morte”.