Ao contrário do que sucede com as linhas que dividem Portugal do seu único país vizinho (estáveis desde há mais de 600 anos, com exceção do território de Olivença, ocupado por Espanha há dois séculos) as fronteiras da Europa central revelaram desde sempre um elevado grau de porosidade, com centenas de territórios a mudarem de nacionalidade ao ritmo dos interesses particulares, das desavenças familiares, dos alinhamentos geopolíticos, das motivações religiosas, dos tiros dos canhões – ou mesmo de devaneios mais ou menos líricos, como sucedeu quando a Crimeia foi em teoria anexada aos territórios ucranianos como forma de Nikita Khrushchev, presidente da URSS em 1954, comemorar o 300º aniversário da integração da Ucrânia no Império Russo. A Bielorrússia – desgraçadamente para o seu povo – é um desses territórios: pertenceu sucessivamente ao Principado da Polócia, ao Grão-Ducado da Lituânia, ao Império Russo, à República das duas Nações (Polónia-Lituânia) e à URSS, até ter finalmente atingido a soberania em julho de 1990 e a independência em 25 de agosto de 1991. Três anos depois, Alexander Lukashenko – um velho camarada do Partido Comunista da União Soviética – ganhou as eleições realizadas em 20 de julho e ainda lá está.