Os índices de gestores de compras (PMI) da zona euro em novembro foram revistos em ligeira alta, embora insuficiente para melhorar as expectativas de curto prazo para a economia da moeda única, que se mantém assim em linha para fechar o ano em recessão. O sector terciário alemão foi o grande responsável pela subida, que voltou a uma leitura a sinalizar uma atividade em crescimento, ainda que marginalmente.
O PMI composto para a zona euro foi revisto 0,5 pontos em alta para 47,6 em novembro, depois de ter ficado em 46,5 no mês anterior, mantendo-se, portanto, em terreno de contração da atividade. Ambos os sectores sofreram correções, com o dos serviços a ver uma subida de 0,5 pontos para 48,7, enquanto o da indústria melhorou 0,3 pontos para 44,6.
A leitura do índice composto foi a mais alta em quatro meses, depois do mínimo de quase três anos registado em outubro.
Ambos os sectores mostram sinais de quebra da atividade, com maior foco na indústria. Ainda assim, o motor industrial europeu, a Alemanha, registou uma melhoria considerável no subíndice referente ao sector secundário, que melhorou 0,7 pontos até 47,8. Esta é uma subida assinalável em relação aos 45,9 de outubro, mas insuficiente para alterar as perspetivas da economia germânica ou da europeia. Do lado dos serviços, o índice subiu quebrou a barreira dos 50 pontos, chegando a 50,2.
Segundo a análise da Pantheon Macro, a revisão em alta na Alemanha deveu-se maioritariamente a fatores sazonais, sobretudo do lado dos serviços. A estimativa do think-tank é que “a atividade provavelmente será inferior aos 50,2 reportados”, ou seja, mantendo-se estagnada.
Torna-se difícil perspetivar qualquer crescimento positivo na zona euro neste último trimestre do ano, com a Pantheon a manter a projeção de um recuo de 0,5% em cadeia. Após a queda de 0,1% no terceiro trimestre, o bloco euro fecharia assim o ano em recessão técnica.
Ao mesmo tempo, e apesar da melhoria tímida no indicador, a procura permanece claramente deprimida. Por arrasto, a produção industrial e as expectativas dos agentes continuam a deteriorar-se, o que também ajuda a explicar o recuo do emprego privado, o primeiro desde janeiro de 2021, embora da exclusiva responsabilidade da indústria (o emprego nos serviços continuou a crescer, embora a um ritmo cada vez mais lento).
Numa nota positiva, as pressões nos custos intermédios continuam a cair, o que se traduz em expectativas de preços de venda mais fracas. Esta evolução nota-se nas mais recentes leituras da inflação na zona euro, deixando antever uma continuação ao processo de desinflação que se tem verificado. Por outro lado, “mantém-se o risco em sectores mais intensivos em trabalho, onde a dinâmica salarial continua aquecida”, arriscando um agravamento da pressão nos preços por esta via, projeta a Pantheon.