A Tesla tem vindo a aumentar, nas últimas semanas, o número de carregadores rápidos em Portugal. A companhia justifica a decisão com as novas regras na mobilidade elétrica, mas isso acontece num momento em que as vendas tombam no país.
As vendas afundaram mais de 27% até julho, com a quota de mercado a recuar de 27% para 15%. Já o mercado nacional disparou mais de 27% nos primeiros sete meses.
Mesmo assim, a Tesla continua a manter a liderança do mercado nacional, com a BMW e a Peugeot a fecharem o pódio, mas com as vendas ainda a uma distância considerável da marca norte-americana, segundo os dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).
A companhia norte-americana anunciou na terça-feira que instalou mais de 60 novos pontos de carregamento, “com mais a caminho”, com a rede a registar um crescimento de 70% em apenas três semanas.
Neste momento, Portugal já conta com 148 superchargers da Tesla, divididos entre Alcantarilha, Alcácer do Sal, Fátima, Guarda, Loulé, Mealhada, Montemor-o-Novo e Ribeira de Pena.
As causas para a queda da Tesla, que se verificam um pouco por todo o mundo, com destaque para a Europa, têm várias razões. O envolvimento de Elon Musk com Donald Trump, o apoio à extrema-direita na Alemanha, o envelhecimento dos modelos e a feroz concorrência chinesa, mas também das marcas europeias.
Este mês, o Governo publicou o decreto-lei que confirma o fim da entidade gestora Mobi.E. As regras também implicam o fim da figura de Comercializador de Eletricidade para a Mobilidade Eléctrica (CEME), com os carregamentos a serem diretamente assegurados pelo Operador dos Postos de Carregamento (OPC), que passa a comprar a energia no mercado ou recorrendo à produção própria. Os CEME têm até 31 de dezembro de 2026 para se converterem em OPCs ou em prestadores de serviços.
A Tesla sempre rejeitou integrar o seu sistema na rede da Mobi.E e cancelou o seu investimento em Portugal durante anos, apesar de as vendas nunca se terem ressentido. Com o fim do que considerava ser um impedimento para a sua forma de fazer negócio, volta à carga. Literalmente.
Portugal abriga agora as “duas maiores estações de superchargers no sul da Europa”, na Mealhada e em Fátima. Na Mealhada, a estação conta agora com 40 supercarregadores, a maior do sul da Europa e o maior centro de carregamento rápido em Portugal. Em Fátima, o centro conta agora com 32 postos, sendo o segundo maior supercharger da Europa meridional.
Noutros locais, prossegue o ritmo de obras: 12 novos postos em Alcantarilha e 8 em Loulé, ambos no distrito de Faro, e 4 em Alcácer do Sal, no distrito de Setúbal.
Nas próximas semanas, Alcácer do Sal vai ganhar mais 18 postos de carregamento.
Por outro lado, a empresa anunciou que vai atualizar “várias estações existentes até ao final do ano, substituindo os carregadores V2 mais antigos por equipamentos V4 de última geração. Além disso, duas novas estações serão inauguradas em breve em Castelo Branco e Matosinhos, reforçando ainda mais a cobertura nacional”.
A Tesla garante que vai abrir “progressivamente a sua rede de superchargers a todas as marcas, permitindo que os condutores portugueses beneficiem de um carregamento mais acessível do que nunca. Com a tecnologia V4, carregar e pagar é simples: os clientes podem pagar diretamente com um cartão contactless, com os preços claramente indicados por kWh — sem necessidade do uso de qualquer aplicação”.
“Estas ações irão expandir ainda mais a cobertura nacional e melhorar a conveniência de carregamento para todos os condutores de veículos elétricos, uma vez que a rede de superchargers da Tesla será progressivamente aberta a veículos elétricos de todas as marcas”, assegura a empresa em comunicado.
