As perguntas que ouviu foram sempre as mesmas: “Desculpe, ainda tem rádios a pilhas? E lanternas ?”. Miguel Xué, um dos responsáveis da loja China Shopping, em Oeiras, não parou um minuto no dia em que Portugal e Espanha ficaram às escuras. Nesta segunda-feira, 28 de abril, ao final da tarde, os dois pisos e os nove corredores da loja tornaram-se estreitos para tantos clientes: procuravam rádios, lanternas, pilhas, velas e garrafas de água. O stock terminou rapidamente. “Passaram mais de 500 pessoas por aqui, mais do que na época de Natal”, diz Miguel Xué ao Jornal Económico. Havia filas em todos os cantos. Por volta do meio-dia as água, lanternas e rádios, com preços a partir dos seis euros, começaram a desaparecer das prateleiras. Depois da hora do almoço, o cenário ficou mais caótico. Venderam-se todas as velas, até as aromáticas, fogões de campismo, carvão, pilhas ou toalhitas. “As pessoas pagavam em dinheiro, mas se faltasse 10 ou 20 cêntimos deixávamos as pessoas levarem os produtos”, conta este responsável do China Shopping, de 31 anos, que já tinha começado a prever a corrida aos rádios a pilhas semanas antes, desde a mensagem do kit de emergência proposto pela União Europeia no mês passado [ver caixa].
Quando a luz se apagou, o rádio a pilhas ligou-se
Apagão : Com as grandes superfícies fechadas devido ao corte de energia, as lojas de imigrantes encheram-se de portugueses que queriam comprar rádios a pilhas, lanternas e velas. As mercerias de rua e as pastelarias esgotaram os stocks de legumes, fruta, pão, bolos e água. Algumas lojas até venderam fiado porque os clientes não tinham dinheiro vivo.
