O presidente Donald Trump recebeu o príncipe herdeiro Mohammed bin Salman na Casa Branca, a sua primeira visita em mais de sete anos – tendo-lhe sido dispensadas demonstrações de pompa e circunstância, segundo observação da agência Reuters. Bin Salman assegurou ao presidente norte-americano que o reino vai avançar com investimentos nos Estados Unidos até um bilião de dólares – quase o dobro do que estava anteriormente previsto, 600 mil milhões. As conversas entre os dois líderes centraram-se, segundo a mesma fonte, nos laços de segurança, na cooperação nuclear civil e em acordos comerciais multimilionários. Improvável, apesar das expectativas vindas do Médio Oriente, era que houvesse avanço significativo na normalização das relações entre a Arábia Saudita e Israel, apesar da pressão de Trump para que esse encontro histórico aconteça. As relações entre a maior economia do mundo e o maior exportador de petróleo do mundo são uma prioridade para Trump no capítulo da política externa dos Estados Unidos. A calorosa receção dada a bin Salman em Washington é o mais recente sinal de que as relações bilaterais recuperaram da profunda tensão causada pelo assassinato de Khashoggi – que, disse Trump, não seria do conhecimento do príncipe-herdeiro, o que é uma falsidade, pelo menos à luz do que a própria CIA investigou e descobriu sobre o caso do assassínio na Turquia.
Por outro lado, Estados Unidos e Arábia Saudita estão prontos para fechar acordos para vendas de equipamentos de defesa: Trump disse antes do encontro que "vamos vender" caças F-35 à Arábia Saudita, que solicitou a compra de 48 dessas aeronaves avançadas. Será a primeira venda de caças F-35 dos EUA à Arábia Saudita e marca uma mudança significativa na política externa americana. O acordo pode alterar o equilíbrio militar no Médio Oriente e testar a definição de Washington sobre a manutenção do que os norte-americanos chamam de "vantagem militar qualitativa" de Israel. Até agora, Israel era o único país do Médio Oriente a possuir os F-35. A Turquia tentou por diversas vezes comprar estas aeronaves, mas foi-lhe sempre negada essa possibilidade.
Além de equipamentos militares, o líder saudita busca novas garantias de segurança. A maioria dos especialistas espera que Trump emita uma ordem executiva criando o tipo de pacto de defesa que concedeu recentemente ao Qatar, mas ainda aquém do tratado nos moldes da NATO e ratificado pelo Congresso, que os sauditas chegaram a pretender obter.
A questão de Israel também foi abordada. O príncipe-herdeiro disse que a Arábia Saudita está interessada em aderir aos Acordos de Abraão, lançados por Trump no final do seu primeiro mandato, e fizeram com que alguns Estados árabes, incluindo os Emirados Árabes Unidos, estabelecessem relações diplomáticas plenas com Israel. “Queremos fazer parte dos acordos", disse, mas acrescentou que também quer garantir que haja um caminho claro para uma solução de dois Estados na Palestina
Cristiano Ronald entrou em jogo?
Entretanto, e em paralelo, dava-se uma verdadeira saga com o Cristiano Ronaldo, jogador português de futebol a prestar serviços num clube da Arábia Saudita. Vários órgãos de comunicação – para além das sempre bem informadas redes sociais – asseguravam que o jogador fazia parte da comitiva do príncipe saudita que também seria recebida na Casa Branca. Não se confirmou, Mais tarde, surgiu a notícia de que o jogador seria recebido de seguida, o que não se confirmou. Depois, veio informação de que Ronaldo seria recebido em audiência privada a seguir à saída do príncipe herdeiro. Também não se confirmou. Finalmente, enquanto o país assistia angustiado e o mais possível em direto a todos os pormenores, os relatos derivaram para a informação segundo a qual Ronaldo estaria presente no jantar de honra oferecido à comitiva por Donald Trump. A saga continuava e era este o ponto de situação à hora do fecho desta edição.
Seguindo uma tradição familiar antiga – reza a lenda que Cristiano também se chama Ronaldo porque o pai ou a mãe, ou ambos, tinham em rematado apreço a figura de Ronald Reagan, ex-presidente dos Estados Unidos nos idos da década de 1980 e autor de singulares lances políticos – o jogador português de futebol seria recebido por Donald Trump, ponta de lança dos republicanos na atual equipa da Casa Branca. Cristiano surge assim como um trunfo inesperado, ou nem por isso, da Arábia Saudita, país que não tendo tradição na área desportiva que Cristiano Ronaldo pratica (mas quer organizar o mundial de 2030), faz ainda assim parte do ‘dream team’ dos mais destacados amigos políticos da administração Trump, lugar a que ascendeu por ser um produtor de petróleo com a vantagem de ter poderosa influência no recinto da OPEP e por ser um não-despiciendo consumidor do setor da defesa (ou seja, armas) norte-americanas. Cristiano Ronaldo, de quem se diz que parqueou na Arábia Saudita uma parte importante da fortuna que amealhou como jogador de futebol e atividades paralelas – avaliada em 1000 milhões de dólares – surgiu na Casa Branca como uma espécie de embaixador da Arábia Saudita. E logo no mesmo dia, o que talvez não se tenha confirmado, em que Trump agendou um encontro com Mohammad bin Salman, o príncipe herdeiro que chegou a ser ‘persona non grata’ na anterior administração democrata liderada por Joe Biden, mas que entretanto conseguiu subtrair-se ao desconfortável estigma – causado por um sujeito que se chamava Jamal Khashoggi, um maçador dissidente.
Cristiano, Ronaldo, já antes havia manifestado em declaração pública e notória o seu desejo de conhecer pessoalmente Donald Trump por o achar uma personalidade com capacidade de influenciar os avatares do globo e por ser, segundo diz crer, uma pessoa interessada em promover a paz em todas as suas desejáveis longitudes. Nada, mesmo assim, que tivesse demovido o Comité Norueguês do Nobel, que há uns poucos meses atrás se fez mouco às sapiências que aconselhavam a atribuição do seu galardão máximo ao inquilino da Casa Branca e o enviou alternativamente a uma senhora venezuelana. Possivelmente agastado com a decisão atabalhoada dos noruegueses, Cristiano, Ronaldo, tratou de enviar a Donald Trump uma camisola da seleção nacional por si assinada, levada parece que em mão por uma pessoa portuguesa que tem um lugar de alguma proeminência no edifício burocrático da União Europeia. Sabendo que iria encontrar Donald Trump numa circunstância qualquer, este António Costa de seu nome prestou-se a transportar a encomenda em mãos, subtraindo-a assim à eventualidade do pagamento de um imposto consubstanciado em selos do correio. A blusa ostentava a frase “a jogar pela paz”, desconhecendo-se em que relvado isso iria acontecer ou se já aconteceu. “Acho que é um dia feliz para todos os portugueses”, disse sobre a matéria o treinador da seleção nacional, o espanhol Roberto Martinez – baldando-se assim, aparentemente, a ser parte dessa felicidade.