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Portugueses melhoram produtividade com IA mas expressam receios

A maioria dos profissionais dizem melhorar a produtividade com o uso de ferramentas de inteligência artificial, revela estudo da Michael Page, cujas conclusões o JE revela em primeira mão. Preocupações de quem usa ferramentas de IA estão relacionadas com a segurança e com o facto destas ferramentas não 'tocarem' a inteligência emocional.

Estudo da Michael Page sobre o impacto da Inteligência Artificial (IA) no mundo do trabalho em Portugal, cujas conclusões o JE avança em primeira mão, revela que a maioria de quem a usa considera-se agora mais produtivo. Com efeito, 70% dos profissionais inquiridos respondem que sim - a IA melhora a sua eficiência e a sua produtividade. A maioria considera também que a IA traz uma mudança crucial no seu trabalho e apenas 3% acredita que a tecnologia é sobrevalorizada e não terá impacto no seu sector.

No entanto, existem receios: 59% dos profissionais admitem preocupação com o facto de a IA “não ter um toque humano no julgamento e intuição”. Por outras palavras: por melhor que a IA seja com tudo o que diz respeito aos dados, não consegue ir ao encontro da capacidade de tomar decisões e da inteligência emocional. 

“Apesar de a IA ter um grande impacto, não se sobrepõe à opinião humana”, afirma Pedro Prata, associate manager da Michael Page, salientando que "no local de trabalho a opinião humana é importante para compreender problemas complexos, desenvolver a criatividade e construir relações que a IA não consegue replicar".

Outras grandes preocupações de quem usa ferramentas de IA no local de trabalho estão relacionadas com a segurança de dados, apontada por 42% dos inquiridos, problemas de ética, referida por 38% e potenciais mudanças de emprego (30%).

Pedro Prata, associate manager da Michael Page

Neste estudo, a Michael Page ouviu 522 profissionais de empresas de todas as dimensões e sectores de atividade, dos quais quase metade (44%) dizem recorrer à IA para aumentar a produtividade, automatizar as tarefas do dia-a-dia ou encontrar um emprego. Em concreto dois terços (62%) confia na IA para realizar tarefas automatizadas e repetitivas. Por exemplo, utilizar as ferramentas de IA como filtros inteligentes de email e assistentes de priorização para reduzir significativamente as horas dedicadas a gerir a caixa de entrada do email, e mais tempo para se focar noutras tarefas.

Ainda segundo o estudo, mais de metade (52%) dos profissionais utiliza ferramentas de IA para escrever currículos e algoritmos de job-matching para a sua pesquisa de emprego. As vantagens na utilização da IA prendem-se, sobretudo, com a rentabilização do tempo (72%) e encontrar as oportunidades certas de emprego (54%).

"Na pesquisa de emprego, trabalhar com um recrutador humano pode fornecer um nível de interação pessoal e compreensão da cultura da empresa que as ferramentas de IA não conseguem oferecer, algo que o talento valoriza”, salienta Pedro Prata.

Os mais novos vão à frente no uso deste tipo de ferramentas. Mais da metade (55%) das pessoas entre os 18 e 24 anos já utilizaram ferramentas de IA, comparativamente com 37% entre os 50 e os 59 anos, que indicam uma mudança para a adoção de IA na pesquisa de emprego.

 

 

As ferramentas mais usadas, segundo o estudo. Interactive IA que inclui chatbots e smart assistants, como Siri, Cortana e Google Assistant é usada por 42% dos inquiridos. Uma fatia de 30% diz usar frequentemente ferramentas Functional AI para análise de dados, segurança da cloud e prevenção de fugas de informação. Mais de um terço (35%) dos profissionais utiliza Analytic AI, por exemplo, Tableau, para recomendações e insights através de data scanning.

… e as preferidas. Os profissionais revelam preferência na Generative AI (como ChatGCPT e Bard) para criar conteúdo escrito e visual, de acordo com a opinião de 24% dos entrevistados, indicando um aumento da aceitação das capacidades criativas da IA no emprego.