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Portugal já comprou mais de mil milhões em aviões à brasileira Embraer

A Força Aérea Portuguesa está a renovar a sua frota com aviões da fabricante brasileira, a terceira maior do mundo, que é dona da fábrica da OGMA em Alverca.

Portugal já fechou mais de mil milhões de euros em contratos para a compra de aviões com a brasileira Embraer. O contrato mais recente foi fechado esta semana: 200 milhões de euros para comprar 12 unidades do A-29N Super Tucano.

As primeiras unidades destes aviões de ataque leve e treino avançado começam a chegar à Força Aérea Portuguesa em 2026. Outras missões que a aeronave pode desempenhar incluem Apoio Aéreo Tático (CAS) e Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR).

Portugal vai ser assim o primeiro país a operar este avião, que já conta com 260 aeronaves encomendadas.

Em 2023, foi fechado outro contrato com a Embraer: a compra de cinco KC-390 por 850 milhões de euros para substituir os Hércules C-130. As duas primeiras unidades já foram entregues à Força Aérea. Este é um "avião multitarefas, com alcance intercontinental, capaz de executar operações como transporte de tropas, veículos e carga paletizada, lançamento de paraquedistas e carga, transportes aeromédicos, missões de busca e salvamento, reabastecimento aéreo e combate a incêndios florestais", segundo o Governo português.

Ambos os aviões contam com incorporação nacional, pois parte dos componentes é fabricada na fábrica da OGMA em Alverca, distrito de Lisboa.

Na terça-feira, a Embraer abriu o seu primeiro escritório europeu em Lisboa para reforçar a sua aposta no mercado de países membros da NATO e da União Europeia.

"A NATO e a UE são o centro de gravidade estratégico dos nossos negócios a nível global. A componente industrial e tecnológica europeia é de 25% nas nossas aeronaves. Temos uma estrutura adequada a requisitos NATO e UE. Esta base vai servir para atividades diversificadas para engenharia, suporte técnico, logística, negócios e apoio institucional", disse o diretor comercial da Embraer Defesa e Segurança, Frederico Lemos.

Por sua vez, o presidente da Embraer Defesa e Segurança, Bosco Costa Júnior, considera que a opção portuguesa pela KC-390 e pelo A-29N vai ter "benefícios para a indústria e economia de Portugal", referindo-se ao aumento de encomendas que vai beneficiar a fábrica da OGMA.

"Este é um passo super importante, num ano muito importante em que a Embraer atingiu o seu maior número de encomendas dos últimos 9 anos", acrescentou o gestor.

Presente na cerimónia de inauguração esteve o ministro da Defesa, Nuno Melo, que considera a abertura da base europeia em Lisboa "uma grande oportunidade para Portugal". A Embraer foi capaz de perceber que Portugal não é um país periférico na Europa, é um ativo muito grande, sendo central na cofluência entre a América, Europa e África. Portugal é a porta natural do Brasil na Europa".

O ministro recordou o passado conjunto entre os dois países, assim como a cultura conjunta, a língua e a história, considerando os dois povos como "irmãos".

"A posição estratégica de Portugal tem uma crescente importância no setor. É uma plataforma de entrada. Portugal é um país-membro fundador da NATO", acrescentou.

"Cada um dos projetos [KC-390 e A-29N] significa criação de riqueza, postos de trabalho, exportações, desenvolvimento de tecnologia. A OGMA é uma empresa estratégica, hoje vive boa saúde. A iniciativa reforça o papel de Portugal como parceiro estratégico da Embraer e fortalece a cooperação dos parceiros europeus e aliados da NATO", promovendo a "indústria de defesa luso-brasileira". "Juntos seremos capazes de sonhos impressionantes".

"Portugal e o Estado português escolheram o Brasil como parceiros da Embraer, uma das maiores empresas aeroespaciais do mundo. Continuem bem neste país que também é vosso", afirmou Nuno Melo, terminando com uma citação do músico brasileiro Vinicius de Moraes: "Que não seja imortal (...) Mas que seja infinito enquanto dure".

Entre os países europeus que assinaram contratos de compra do avião multimissão KC-390 Millennium e do avião de treino avançado e ataque leve A-29N Super Tucano, encontram-se: Portugal, Áustria, República Tcheca, Hungria e Holanda, com a Suécia e a Eslováquia a serem os mais recentes no programa C-390 Millennium.

Em Portugal, a companhia é a dona da OGMA Indústria Aeronáutica de Portugal em Alverca.

Fundada em 1969, já entregou mais de nove mil aeronaves. “Em média, a cada 10 segundos, uma aeronave fabricada pela Embraer descola de algum lugar do mundo, transportando anualmente mais de 150 milhões de passageiros”, segundo a empresa.

A companhia diz ser “líder na fabricação de jatos comerciais de até 150 assentos e a principal exportadora de bens de alto valor agregado do Brasil. A empresa mantém unidades industriais, escritórios, centros de serviço e de distribuição de peças, entre outras atividades, nas Américas, África, Ásia e Europa”.