Portugal foi “perdendo o comboio” em relação a outros países no que diz respeito à competitividade no desenvolvimento da investigação clínica. O alerta foi dado por Hélder Mota Filipe, bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, que encerrou a conferência “O Futuro das Neurociências”, uma iniciativa que promovida pelo Jornal Económico e a Biogen Portugal, que visou debater os desafios e oportunidades associados à saúde do cérebro em Portugal. “Porque é que Portugal continua a ter problemas no desenvolvimento da investigação clinica e não é competitivo? Se compararmos com a Bélgica ou Países Baixos, vemos que fomos perdendo o comboio. Não é por falta de profissionais ou de doentes que participariam nestes ensaios, mas sim por falta de estratégia”, afirmou o bastonário. Este responsável defendeu que são precisos quatro pontos fundamentais para melhorar o sector, através da qualidade, segurança, eficácia e custo. “Temos tido muita inovação terapêutica a chegar ao mercado, umas mais inovadoras, outras nem tanto, mas todas com a mesma característica, são muito caras”, salientou. Para o Bastonário, existe uma incerteza nas terapêuticas que chegam ao mercado na área das doenças raras, com estudos de fase 2, porque não é possível esperar pela fase 3, dada a urgência em tratar os doentes.
“Isto explica-se também pelos custos. O sistema paga os ensaios clínicos, mas é importante que o sistema se prepare para ir pagando as novas terapêuticas e não ensaios clínicos que ainda estão incompletos”, sublinhou.
“Todos os dias estamos a aumentar o conhecimento e que vai permitir ao longo dos próximos anos dar uma melhor qualidade de vida aos doentes”, realçou.