Portugal registou a sétima maior subida real do salário mínimo nos últimos cinco anos, entre os 30 países analisados pela Organização para a Cooperação o Desenvolvimento Económico (OCDE), dada a subida nominal do indicador de 36,7%, que se traduz num crescimento real de 17,5%. Na mesma linha, a remuneração horária em Portugal está já 5,5% acima do registado antes da pandemia, ao contrário de 16 países do bloco económico.
Nos dados divulgados no "Employment Outlook" relativo a 2024 , nesta terça-feira, a OCDE aponta para um crescimento acima da média da organização no salário mínimo nacional, que disparou 17,5% em termos reais, ou seja, descontando já o efeito da inflação. A lista é liderada pelo México, onde esta remuneração duplicou em termos nominais, o que se traduz numa subida real de 86,6%, sendo que Portugal surge no sétimo lugar.
Esta evolução é fruto do aumento de 600 euros por mês em 2019 para 820 euros este ano, embora a inflação tenha sido historicamente elevada neste período – tal como no resto das economias que compõem este bloco. Contabilizando o salário anual e descontando o efeito da subida generalizada de preços, o aumento real dos salários nacionais foi o sétimo mais elevado da OCDE.
Em sentido inverso, apenas dois países registaram recuos em termos reais dos salários mínimos nacionais: os EUA, onde o salário mínimo federal caiu 18,5% depois de não ter crescido em termos nominais, e Israel, com uma queda real de 0,9%.
No que respeita à remuneração horária, Portugal registou o nono maior avanço do bloco, com os salários, no início de 2024, 5,5% acima do registado no último trimestre de 2019, ou seja, antes da chegada da Covid-19. Esta evolução fica acima da média da OCDE, que foi de 1,5%, sendo que 16 países continuam a registar salários reais inferiores à pré-pandemia.
Tal como se verifica na esmagadora maioria dos países, o mercado laboral em Portugal também está mais rígido do que no pré-Covid, apesar de ser dos países onde a rigidez do mercado laboral é menos evidente. Ainda assim, a taxa de desemprego continua baixa se comparada com a tendência histórica recente.
Inflação sobe ligeiramente
Do lado dos preços, a inflação na OCDE em maio foi ligeiramente mais elevada do que no mês anterior, passando de 5,7% para 5,9%. A subida deveu-se sobretudo à componente energética e resultou de aumentos em 18 dos 33 países do bloco.
A inflação nos produtos energéticos disparou em maio, saltando de uma redução homóloga de 0,1% em abril para uma subida de 2,5% em maio, um máximo desde fevereiro do ano passado. Ainda assim, a Turquia teve um papel determinante nesta subida, ao registar um aumento de 100% causado por efeitos base, o que acabou por pesar na leitura final.
Com a inflação do lado dos bens alimentares sob controlo e estável há três meses em 4,9%, o indicador subjacente recuou em termos homólogos, ainda que apenas marginalmente, de 6,2% para 6,1%.