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PIB do segundo trimestre põe em risco previsões para crescimento este ano

O avanço nacional de 0,1% em cadeia fica abaixo do esperado e da média europeia, levando o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade a considerar que "o dinamismo dos dois primeiros trimestres [...] parece que se esfumou". Com um terceiro trimestre fraco em perspetiva, as projeções de crescimento este ano podem estar ameaçadas, acrescenta.

O crescimento português no segundo trimestre desiludiu, ficando abaixo das expectativas dos analistas e da média da zona euro, o que pode colocar em causa as previsões para o PIB este ano, considera o diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade. Apesar de ser apenas uma leitura num período de bastante incerteza, os dados preliminares do terceiro trimestre não são animadores a nível global, o que penalizará ainda mais a componente externa nacional.

O PIB português avançou apenas 0,1% em cadeia no segundo trimestre, abaixo dos 0,3% projetados pelo portal TradingEconomics e da leitura dos três meses anteriores, quando a economia cresceu 0,8%. Comparando com o resto da moeda única, este registo também fica abaixo dos 0,3% do bloco – resultado que também fica aquém dos 0,4% projetados pela Comissão Europeia.

Para Pedro Braz Teixeira, diretor do gabinete de estudos do Fórum para a Competitividade, “é relevante Portugal ter ficado abaixo da média europeia”, sobretudo num contexto em que se tinha destacado pela positiva neste aspeto em leituras anteriores. Em particular, é surpreendente “as importações estarem a subir mais do que o esperado”, ainda mais quando o país “tem tido ganhos com termos de troca”.

Será importante, portanto, aguardar pelos dados completos do crescimento nacional, para perceber o que se está a passar na componente externa, ressalva Pedro Braz Teixeira. Contudo, e mesmo sem se poder “extrapolar demasiado de um único trimestre”, estes dados conjugados com os já conhecidos do terceiro trimestre “não parecem ser muito boas notícias” e podem obrigar “a rever em baixa as estimativas de crescimento”.

“Aquele dinamismo que tínhamos tido nos dois primeiros trimestres e que tinha levado a sucessivas revisões em alta das projeções de crescimento […] parece que se esfumou”, refere.

Recorde-se que o Governo antecipa um crescimento de 1,5% para este ano, uma previsão menos otimista do que o Fundo Monetário Internacional (FMI), que aponta a 1,7%, tal como a Comissão Europeia. O Banco de Portugal é a instituição mais otimista, esperando 2% de avanço.

“Os dados preliminares do terceiro trimestre são de deterioração generalizada”, aponta, lembrando que na “China as coisas estão mal, o que contagia a Alemanha, que terá tido uma queda no início do terceiro trimestre”, além de os indicadores de confiança nacional e para a zona euro terem caído em julho.

O clima económico na moeda única recuou marginalmente em julho, caindo 0,1 pontos, de 95,9 para 95,8, ou seja, ainda em terreno consistente com um abrandamento da economia (abaixo de 100). Para Portugal, o indicador de clima económico divulgado pelo INE recuou em junho e julho pressionado pela indústria e pela construção, revertendo o aumento do mês anterior.

Estes dados juntam-se ao recuo do índice de gestores de compras em julho pelo segundo mês consecutivo e até mínimos de cinco meses, ficando marginalmente acima da estagnação, com 50,1 pontos, à queda assinalável do índice ZEW em mais de sete pontos após máximos de três anos em junho, e à descida do índice Ifo, referente apenas à Alemanha, para mínimos desde fevereiro.

No detalhe do crescimento por país, é visível que a Alemanha continua a ser o principal entrave a um crescimento mais robusto do espaço euro, tendo registado nova queda em cadeia do PIB de 0,1%. Em sentido inverso, Espanha cresceu uns assinaláveis 0,8%, mantendo-se como o motor da economia europeia, com a Irlanda a avançar 1,2% (embora os dados irlandeses estejam sujeitos a frequentes revisões dado o peso das multinacionais na economia do país).