A Reserva Federal finaliza a reunião de política monetária esta quarta-feira e, com o mercado a dar como praticamente certa nova reunião sem novidades, a atenção está colocada no cada vez mais provável corte em setembro. O enfraquecimento dos dados macro aumenta as probabilidades de início de reversão dos juros, sobretudo do lado da inflação e do mercado laboral, os dois mandatos da Fed.
Os mercados tomam como um dado praticamente adquirido que os juros diretores na maior economia do mundo se manterão entre 5,25% e 5,5% pela oitava reunião consecutiva esta quarta-feira, uma decisão quase pré-anunciada pelo banco central norte-americano. Contudo, a inflação recuou para 3% na leitura mais recente, um mínimo desde junho de 2023, enquanto a inflação subjacente bateu mínimos de três anos com 3,3%.
Estes valores ficam ainda distantes do objetivo de 2% da Fed para o médio prazo, mas a tendência é de recuo – e, como afirmou o próprio presidente da Fed, Jerome Powell, não é obrigatório o indicador de preços voltar aos 2% para o banco central começar a cortar nos custos de financiamento.
As novidades estarão, portanto, nos detalhes do comunicado da Fed e na conferência de imprensa que se seguirá de Powell. A Goldman Sachs projeta alterações na linguagem do comunicado do banco central “sugerindo que um corte na próxima reunião de setembro é agora mais provável”.
“Suspeitamos que uma leitura decente da inflação em julho será suficiente para assegurar um corte em setembro”, escrevem os analistas do banco de investimento, apontando ao recuo recente da inflação e aos sinais do lado do emprego. A taxa de desemprego subiu 0,1 pontos percentuais (p.p.) em cada uma das últimas três leituras, um aumento de 0,7 p.p. em relação ao mínimo registado durante o atual ciclo.
Já a Ebury relembra que em setembro haverá lugar a atualização de projeções macroeconómicas, “altura em que a Fed tende a apresentar as suas alterações políticas mais significativas”. Como tal, qualquer mexida até lá é altamente improvável, embora seja expectável uma mudança no discurso já esta quarta-feira.
“Prevemos, no entanto, que o FOMC [Comité Federal de Mercado Aberto] transmita aos mercados que está prestes a baixar as taxas pela primeira vez no atual ciclo. O Presidente Powell deverá manifestar o seu agrado com a contínua normalização das taxas de inflação dos EUA e, provavelmente, afirmará durante a sua conferência de imprensa que a Fed fez ‘progressos significativos’ na concretização do seu mandato de preços”, projeta.