á uns anos atrás descobri, graças a Oliver Sacks, a existência de uma pandemia da qual nunca ouvira falar: a encephalitis lethargica ou, mais comummente, “doença do sono”, que terá afetado cerca de cinco milhões de pessoas ao longo de uma década, de 1916-17 a 1927. Trata-se de uma doença estranhíssima. Deixava os pacientes num estado de coma profundo, ou em estados de insónia tão intensos que tornava impossível sedá-los. Para além disso, podia provocar nos pacientes que sobreviviam, dependendo dos casos, um conjunto de sintomas muito diversos, incluindo perturbações no sono, sexualidade, afetos, ou apetite, tendendo a tornar os sobreviventes apáticos, passivos, como zombies.