Skip to main content

Os avanços e os riscos dos BRICS

A 15ª Cimeira dos Países BRICS (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul), realizada a semana passada em Joanesburgo, permitiu o alargamento a seis novos membros: Argentina, Arábia Saudita, Egipto, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irão.

É importante ter presente que o bloco fundador recebeu a manifestação de interesse de mais de 40 países que queriam integrar o bloco dos BRICS. E também, não passou despercebida a presença em Joanesburgo de mais de 30 Chefes de Estado e de Governo de África. Foi, sem dúvida alguma, umas das cimeiras que ficará registada na história.

Na cimeira houve muitos temas que estiveram em discussão, mas um dos temas que na minha perspetiva merece mais destaque é a intenção dos BRICS de quererem avaliar a criação de um sistema de pagamentos internacional alternativo à rede SWIFT, o que beneficiaria muito a Rússia e o Irão. Uma outra ideia que esteve em cima da mesa, mas que na minha perspetiva parece-me inviável e que não gerou consenso, é a criação de uma moeda BRICS.

Outro destaque, que obrigatoriamente deve feito, é ao Secretário-Geral das Nações Unidas, António Guterres, que esteve presente na cimeira e que fez um discurso muito assertivo dirigido aos BRICS, mas que também devia ser bem ouvido por toda a comunidade internacional.
A mensagem chave que Guterres tentou passar aos BRICS foi de que: “este é o momento para nos unirmos e trabalharmos juntos” e que continua “profundamente preocupado com o risco de uma rutura global, estamos a entrar num mundo multipolar”, onde destacou a invasão da Ucrânia pela Rússia como um dos fatores que potenciou maiores divisões e tensões entre países.
É importante não ignorar que os BRICS passam agora a representar 46% da população mundial e 37% da produção mundial e que, por um lado, querem ter uma palavra a dizer na geopolítica global, mas que por outro, querem reforçar a cooperação entre os seus membros em matérias de segurança, energia, comércio e questões sociais.
É verdade que nos BRICS – e ainda mais depois deste alargamento – as diferenças, e até rivalidades, entre os seus membros, que são muitas, têm um potencial de instabilidade no bloco de países.
A Europa deverá ter uma especial atenção a este “clube político” que vai querer afirmar-se e condicionar o xadrez geopolítico global que está numa fase de grande movimento. Por isso, a preocupação das Nações Unidas é muito pertinente, basta por exemplo verificar que a próxima cimeira dos BRICS será na Rússia e o anfitrião será Vladimir Putin.

Este conteúdo é exclusivo para assinantes, faça login ou subscreva o Jornal Económico