As férias dos deputados terminaram e as rentrées partidárias também chegam ao fim. Seguem-se, agora, as negociações do Orçamento do Estado para 2025 (OE2025), com alguns partidos a colocarem a hipótese da rejeição do documento, cujas propostas ainda não viram luz do dia.
Ao Jornal Económico (JE), o líder do grupo parlamentar do PSD, Hugo Soares, esclarece que "no parlamento, estamos totalmente disponíveis para entendimentos que melhorem o Orçamento do Estado e que não sejam incompatíveis com a execução do programa de Governo". Hugo Soares não abordou qualquer tema em específico, por "não conhecer as propostas da oposição", e deixou nas mãos dos Governo a decisão de estabelecer as linhas vermelhas nas negociações.
Do lado do CDS, o presidente do grupo parlamentar dos centristas revela, ao JE, que "depois do Governo ter feito a sua obrigação e ter aberto as negociações com os partidos da oposição, o CDS espera que "essas negociações possam continuar durante o mês de Setembro". Acrescenta que estas devem ser "sérias e responsáveis, com espírito construtivo", de forma a permitir a viabilização do orçamento para 2025. "A esmagadora maioria dos portugueses quer que este Governo continue a governar tão bem como tem vindo a governar e não entenderia que o país fosse arrastado para uma crise política por irresponsabilidade das oposições", sustenta Paulo Núncio.
Mesmo fazendo parte do Governo e desejando que o programa do Executivo seja concretizado, para o qual "o CDS participou ativamente", Paulo Núncio salienta que esta posição do partido "não exclui, naturalmente, negociações com os partidos da oposição".
Por sua vez, Eduardo Teixeira, do Chega, diz esperar que "o Orçamento do Estado não seja apenas de um partido" e lembra que a força partidária liderada por André Ventura "aguarda respostas às medidas que propusemos". "Nós fomos único partido que, na negociação, colocou questões em cima da mesa", recorda.
André Ventura, esse, foi mais longe, ao anunciar, na sexta-feira, que o partido se retira das negociações para o Orçamento do Estado de 2025 e que "com toda a probabilidade votará contra" o documento.
No PS e na academia socialista, Alexandra Leitão, líder parlamentar, deixou o aviso que o PS não aprovará um "orçamento de direita" . Acusou também o Governo de querer "empurrar o PS para uma viabilização do orçamento com o mínimo de diálogo e o mínimo de negociação". Prometeu que "não nos deixaremos pressionar, humilhar e nem corresponsabilizar por algo que é da única responsabilidade do Governo".
Alexandra Leitão salientou ainda que um Orçamento do Estado para 2025 (OE2025) "de direita só pode ser aprovado pelas forças políticas de direita. Para isso, não contem com o PS", rematou.
A rejeição do OE2025 também é cogitada pelo BE e PCP. Os comunistas consideram que o Serviço Nacional de Saúde (SNS) está pior, com este Governo, e por isso quer debater o tema no Parlamento no próximo dia 11 de setembro. Os bloquistas pediram o mesmo, mas anteveem que o documento fique aquém do que é desejado. A Iniciativa Liberal acredita que há margem para negociar.