A actual sociedade, hiper-mediatizada, está sobrepovoada de imagens que já não são imagens de nada senão de si mesmas, que deixaram de ser uma representação da realidade para se substituírem à realidade — uma versão espectral, contida, empobrecida de realidade. Como se os nossos olhos não aguentassem o brilho das coisas dadas na sua mais crua realidade, sem mediação. Paradoxalmente, demasiada imagem pode significar nenhuma imagem.
O discurso identitário emancipatório
Na esfera pública, o inimigo do discurso identitário emancipatório, do discurso que procura reconhecimento e igual dignidade, é cada vez mais outro discurso identitário, de sinal contrário, assente no desprezo pela diferença entre a imagem e aquilo de que a imagem é imagem. Ou seja, o populismo reinante que uma sociedade hiper-mediatizada promove.
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