50 segundos. A câmara desliza no Grande Canal. Desfilam fachadas de palácios, vislumbram-se ruas, adivinham-se pontes. 50 segundos de Veneza ao som de Gabriel Fauré. 50 segundos. É quanto dura este travelling de Louis Lumière. Belo, simples, sincero. Emocionante. Há vários momentos assim em “Lumière, A Aventura Continua”, documentário histórico imaginado por Thierry Frémaux a partir das tomadas de vista dos Lumière. “É um filme Lumière”, salienta ao JE. Não por falsa modéstia, mas por entender que o crédito lhes é devido. Não foi ele que realizou, produziu as imagens. Humildade? Responde o judoca, cinturão negro, “sim, respeito e humildade”, que a prática do judo lhe ensinou e lhe moldou a personalidade, naquela que é uma faceta menos conhecida deste inveterado cinéfilo.
“O cinema é um instrumento de paz”
O cinema nunca deixará de existir, diz-nos Thierry Frémaux, diretor do Festival de Cannes. A criatividade humana não o permite. Mas a sala de cinema, onde nos emocionamos em conjunto, nunca esteve tão ameaçada. Nos 130 anos do cinema, (re)ver Lumière no grande ecrã não é nostalgia, é repensar o futuro.
