Negociações com o objetivo de intermediar um novo acordo para libertar mais reféns israelitas, mantidos em Gaza, em troca de uma pausa nos combates, vão ter lugar em Paris – com a presença de delegações dos Estados Unidos, Qatar, Israel e Egipto. A agência Associated Press avança que negociadores norte-americanos, incluindo o diretor da CIA, Bill Burns, avançaram com uma estrutura para negociações focada numa pausa de dois meses nos combates entre as forças israelitas e do Hamas.
Os Estados Unidos querem que, nos primeiros 30 dias de ‘armistício’ , mulheres, idosos e reféns feridos sejam libertados. Nos 30 dias seguintes, seriam libertados soldados israelitas e os homens reféns, tudo acompanhado pelo aumento do fluxo de ajuda a entrar em Gaza. A interrupção dos combates poderia proporcionar uma nova oportunidade para negociar um cessar-fogo mais amplo e de longo prazo – mas para já é altamente improvável que Israel venha a aceitar essa parte da proposta.
Recorde-se que, durante as negociações das últimas semanas em Doha, o Hamas recusou aceitar qualquer acordo que não inclua um cessar-fogo permanente. Entretanto, o Egipto tinha proposto um acordo para uma suspensão de 10 dias dos combates em troca de uma retirada israelita de Gaza, a libertação de reféns e a saída dos líderes do Hamas ainda no enclave.
Ainda segundo a agência noticiosa, Burns deve reunir com o seu homólogo da Mossad, David Barnea, o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman al-Thani, e o chefe da inteligência egípcia, Abbas Kamel. O grupo já se encontrou antes, mas nunca conseguiu encontrar um ‘road map’ que servisse os interesses de Israel – e é possível que isso volte a suceder. Mesmo assim, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, mandatou Brett McGurk, o seu enviado ao Médio Oriente, ao Cairo e Doha durante a semana, numa tentativa de estimular novos avanços nas negociações, ao mesmo tempo que insistia com o líder do Qatar, o xeque Tamim bin Hamad al-Thani, e o presidente egípcio, Abdel Fatah al-Sisi, para que estes aumentem a proatividade para novas negociações.
Mas nem todos na Casa Branca parecem ter grandes esperanças. "Estamos esperançosos quanto ao progresso, mas não espero – não devemos esperar nenhum desenvolvimento iminente", disse o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, John Kirby, citado pela comunicação social.
A reunião em França ocorre após a pressão interna sobre o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu ter atingido um pico, depois de dezenas de familiares dos reféns terem invadido o Parlamento de Israel e acusado o gabinete de crise de não fazer tudo o que está ao seu alcance para a libertação dos que ainda se encontram cativos em Gaza.
Naquilo que pode ser entendido como uma forte pressão para que Israel se empenhe nas negociações, o governo Biden está a avaliar uma pausa na venda de armas a Israel como alavanca para pressionar o Estado hebreu a reduzir a intensidade das operações militares na Faixa de Gaza.
Segundo a NBC, embora nenhuma decisão tenha sido tomada, a Casa Branca pediu ao Departamento de Defesa que reveja que armas poderiam ser usadas como pressão sobre Israel. "O governo está focado no que poderia reter ou atrasar" os combates, diz um relatório divulgado pela cadeia televisiva.