A NOS vai fazer o desenvolvimento (roll-out) da nova rede móvel de quinta geração – 5G Stand Alone (5G SA) – até ao final deste ano. A operadora de telecomunicações vai começar a massificação desta tecnologia ao longo dos próximos meses até que todo o 5G, como agora o conhecemos, seja substituído por esta nova versão, que é totalmente independente da rede 4G.
“Já nem comparamos as velocidades do 4G com 5G, apenas 4G com 5G SA, porque todo o 5G será 5G SA. Decorre um processo de certificação de terminais”, explicou Luís Miguel Santo, responsável de Rádio da NOS, numa demonstração realizada para o Jornal Económico (JE) e para imprensa especializada. “Graças ao Pai Natal, neste momento 75% dos smartphones adquiridos da NOS são 5G”, revelou ainda, sem detalhar valores de investimento.
A telecom liderada por Miguel Almeida só ainda não sabe se a utilização do 5G vai continuar a ser gratuita para os consumidores depois do próximo dia 31 de janeiro, quando termina o período de experimentação desta rede móvel, que compreende um tarifário sem custos adicionais, tal como na MEO e na Vodafone. O assunto está a ser analisado pela administração, de acordo com Luís Miguel Santo.
A equipa técnica sintetizou que o 5G abre uma nova página de desenvolvimento tecnológico, porque é uma rede programável, através do slicing, que consiste em reservar partes da rede para necessidades específicas dos clientes (microserviços). Por exemplo, infraestruturas críticas podem “fatiar” partes da rede (slicing) para determinados objetivos que tenham, sobretudo de segurança.
É também mais escalável, porque estende consoante o tráfego, e sustentável devido ao menor consumo energético. Para se ter uma noção concreta do que é possível economizar, o 4G com um consumo de 0,855 kWh e um débito de 0,3 Gbps resulta em 2,9 quilowatt-hora/gigabits por segundo (kWh/Gbps), ao passo que o 5G com consumo de 0,378 kWh, débito de 0,6 Gbps são 0,6 kWh/Gbps, perfazendo uma redução de 78%.
A média de velocidade deste “5G puro”, como é vulgarmente conhecido, para upload está nos 200 Mbps (megabits por segundo) e a de download 1000 Mbps. A latência (“demora”) ultrabaixa disponibilizada pelo 5G SA, inferior a 10 milissegundos (ms), melhora aplicações que requerem interação em tempo real, nomeadamente de realidade aumentada/virtual, jogos eletrónicos ou mesmo o controlo remoto de aparelhos, nomeadamente ecografias ou raio-X.
A empresa esclarece que uma fábrica pode ter dois serviços independentes, chamados slices, sendo que um é para a conectividade das máquinas (e questões de velocidade/latência ou isolamento) e outro para a restante ligação corporativa (acesso à internet, email, entre outros). Uma slice interna (rede privada) permite proteger informações de câmaras de vigilância, por exemplo. “É uma linha securizada que não vai sair dos servidores da fábrica e tem de processada localmente”, detalha Dorlinda Costa, responsável de Plataformas Core da NOS.
Cerca de um em cada quatro dos clientes da NOS tem equipamento 5G e, dessa amostra, a maioria (84%) utiliza a tecnologia frequentemente. A cobertura da população encontra-se nos 93% através de aproximadamente 4.200 estações. “Desde o início de 2024, os novos cartões [SIM] que estão a sair são compatíveis com 5G SA. Nos restantes, o cliente tem de demonstrar interesse em fazer o upgrade, embora com o SIM virtual não seja necessário”, afirmaram ainda Luís Miguel Santo e Dorlinda Costa, ao JE e às publicações especializadas em tecnologia.
Esta nova arquitetura (core) de dados foi criada em parceria com a Nokia e com a Ericsson, que se encarregou da componente de voz e perfil de cliente. O primeiro teste a este sistema em Portugal ocorreu a 27 de setembro de 2023. A Altice, dona da MEO, também fez uma parceria com a Nokia em abril do ano passado para fazer esta integração do 5G SA.
O que o 5G SA?
É uma versão do 5G assente em infraestruturas construídas de raiz, que promete velocidades muito mais elevadas, latência ultrabaixa, maior fiabilidade e segurança. Dado serem totalmente independentes da rede 4G, elas irão alargar o leque de possibilidades do 5G – de veículos autónomos a sensores de monitorização de edifícios, de smartphones a semáforos inteligentes ligados em simultâneo. E, uma vez que são cloud native, as redes autónomas podem ainda ser atualizadas e geridas muito mais facilmente – Portal 5G da Anacom – Autoridade Nacional de Comunicações