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Montenegro diz-se "aglutinador" e cola manifestações de sábado na capital a "extremos"

A manifestação 'Não Nos Encostem À Parede' e a vigília 'Pela Autoridade E Contra A Impunidade' marcaram o dia de sábado, com Luís Montenegro a classificar ambas como "extremas". "Nós somos o elemento de moderação", ripostou o primeiro-ministro numa mensagem ao eleitorado centrista.

Milhares de pessoas desfilaram nas ruas de Lisboa este sábado contra o racismo e a xenofobia enquanto uma vigília convocada pelo Chega reuniu centenas de apoiantes numa manifestação de apoio às forças de segurança, marcando um dia de protestos pacíficos na capital apesar da tensão que antecedeu os eventos. Na reação, o primeiro-ministro caracterizou ambas as demonstrações como “extremas”, argumentando que a garantia de moderação reside no Governo.

“No dia em que os extremos erguem cada um as suas bandeiras em contraponto, em conflito aberto com o outro, nós somos o elemento aglutinador e de moderação”, afirmou o primeiro-ministro Luís Montenegro no sábado, em Ovar, após a realização de duas demonstrações populares em Lisboa motivadas pela ação policial recente na Rua do Benformoso. O país terá de continuar a trabalhar para ser “dos mais seguros do mundo”, continuou, tentando passar uma mensagem ao eleitorado do centro.

O PSD foi, de resto, a única força política com assento parlamentar a não marcar presença em nenhuma das demonstrações marcadas para sábado na capital, a par da IL.

À esquerda, os líderes partidários e de bancada compareceram no protesto contra a violência policial e racismo intitulada ‘Não Nos Encostem À Parede’, que partiu da Alameda até ao Martim Moniz, passando próximo do local onde, no passado dia 19 de dezembro, uma rusga policial visou dezenas de migrantes. Entre os milhares de protestantes estavam Alexandra Leitão, líder parlamentar do PS, Mariana Mortágua, coordenadora do BE, João Ferreira, eurodeputado do PCP, ou Rui Tavares, fundador do Livre.

A líder bloquista destacou a força da mensagem daquela “celebração” que mostra “o orgulho do antirracismo”, enquanto Alexandra Leitão voltou a considerar que ações como a que motivaram a manifestação só servem para “desviar a atenção dos problemas dos portugueses”. Já João Ferreira recusou a “instrumentalização” das forças de segurança, enquanto Rui Tavares destacou o carácter tolerante destas demonstrações, recusando acusações de oposição à polícia.

“Isso é uma caricatura grotesca feita pela extrema-direita, que não tem outra forma de funcionar”, reforçou o dirigente do Livre.

Também a líder e deputada única do PAN, Inês Sousa Real, marchou na ação convocada após um apelo coletivo de dezenas de organizações e ativistas a propósito do aparato policial em várias ações visando migrantes ou bairros da periferia da capital.

O protesto decorreu sem incidentes apesar da tensão criada pelo anúncio do grupo Habeas Corpus de uma contramanifestação a percorrer a mesma via lisboeta, a Avenida Almirante Reis. O grupo constituído por algumas dezenas de ativistas de extrema-direita fez-se acompanhar de várias bandeiras de Portugal e cartazes, muitos deles afetos ao partido Ergue-te, tendo descido a artéria da capital acompanhados por um forte dispositivo policial.

Noutro lugar central da cidade, na Praça da Figueira, o Chega realizou a sua vigília ‘Pela Autoridade E Contra A Impunidade’, contando com centenas de pessoas no apoio à atuação das forças de segurança no país. André Ventura, líder do partido, chegou já decorria o protesto, mas nem por isso deixou de discursar, pedindo mais fiscalizações como a que aconteceu no mês passado perto do Martim Moniz.

Ventura acusou o primeiro-ministro de falta de “coragem” ao não ir “até ao fim” com as forças de segurança, rejeitando qualquer medo do movimento que convocou a manifestação entre a Alameda e o Martim Moniz. “Encostem-nos à parede até eles perceberem que este país é nosso e a lei é para cumprir”, rematou ao som do hino nacional.