Juan Carlos Borbón, o rei que foi a pedra-chave da transição da ditadura franquista para a democracia – apesar das acusações de ter conseguido fazer escapar a linha dura do regime aos tribunais –, que soube conciliar os espanhóis com a sua própria monarquia (a pontos de o debate sobre a república ser normalmente um tema para entreter finais de tarde em esplanadas cheias de sol e música) e que subtraiu a família real à tentação da irrelevância intelectual que inquinou outras monarquias europeias, está a ter uma velhice inesperada e irremediavelmente infeliz.