Skip to main content

Miguel Almeida: "Empresas com maiores capacidades digitais irão atrair mais talento"

Num contexto empresarial cada vez mais digital e competitivo, o responsável máximo da Cisco em Portugal aponta o caminho em entrevista ao JE: a atração de talento será efetiva na mesma medida em que a empresa perceba que deve inovar no contexto digital.

A captação e retenção de talento é um dos temas mais prementes para as empresas, em conjunto com os desafios digitais que as organizações têm pela frente no sentido de serem uma ajuda para a sua competitividade. A verdade é que essas duas premissas podem estar mais ligadas do que aquilo que muitos gestores.

Em entrevista ao JE e no âmbito do Special Report - IA e Cibersegurança, que contou com o apoio da Cisco, Miguel Almeida, responsável máximo da tecnológica em Portugal, estabelece essa ligação e não tem dúvidas em afirmar que as empresas mais capacitadas no âmbito digital terão mais probabilidade de atrair talento.

O encontro Special Report – IA e Cibersegurança, no Hotel Intercontinental Lisboa, reuniu em Lisboa, esta quarta-feira e com o apoio da Cisco, especialistas de várias áreas para debater os impactos da inteligência artificial e os desafios emergentes da segurança digital. O debate, no qual participaram Miguel Almeida, General Manager at Cisco Portugal, Bruno Castro, CEO da Visionware, Alexandre Fonseca, Presidente do Conselho Estratégico de Economia Digital da CIP e Ricardo Henriques, Sócio e Cocoordenador da Área de Prática de Propriedade Intelectual e Tecnologias de Informação da Abreu Advogados) cruzou perspetivas tecnológicas, regulatórias e de gestão, com o objetivo de perceber se as empresas estão verdadeiramente conscientes dos riscos e preparadas para responder a esta nova realidade. Nota ainda para o keynote speaker, António Gameiro Marques, Ex-Diretor-Geral do Gabinete Nacional de Segurança e do Centro Nacional de Cibersegurança.

Como é que a Cisco vê os desafios digitais que Portugal tem pela frente?
Miguel Almeida: Acho que a questão da Inteligência Artificial veio alargar estes desafios que já tínhamos pela frente porque há vários pilares à volta disso e diria que um deles passa pelo facto de que qualquer pessoa que trabalha numa organização tem liberdade de usar qualquer plataforma de IA. Aquilo que chamamos de "shadow AI" é hoje um problema porque temos que aumentar a consciencialização dos dados que colocamos nessas plataformas, as respostas que recebemos e como é que as trabalhamos. Esse é um risco que está em cima da mesa mas também é uma oportunidade. Acredito que a IA vai acelerar e modificar a forma como trabalhamos.

A forma como as empresas lidarem com os desafios digitais vai acabar por impactar com a competitividade num contexto tão desafiante?
MA: Não tenho nenhuma dúvida. Hoje em dia as empresas operam em mercados globais e portanto, a única forma para serem bem sucedidas é que exista aqui um processo de aprendizagem rápida relativamente a questões da Inteligência Artificial, de uma aceleração digital para que consigam ser eficazes e competitivas em mercados globais. Adicionalmente, creio que as empresas com maiores habilitações digitais têm uma capacidade maior na atração do talento, que é um ponto fundamental hoje em dia. Se continuar a fazer tudo à moda antiga, é mais difícil que consiga captar pessoas que queiram evoluir e fazer coisas novas. Aí, o digital tem um papel fundamental.

Perante as ameaças cibernéticas, um dos pontos focados neste debate passou por uma resposta e partilha conjunta das empresas. Como é que a Cisco vê esse caminho a ser trilhado?
MA: Sem dúvida. E essa partilha já existe, por exemplo entre a Cisco e Centro Nacional de Cibersegurança, numa parceria em que partilhamos alguns dados de coisas que estão a acontecer noutras regiões do mundo. A segurança não é isolada: se hoje atacarem uma empresa, há várias empresas que podem ser impactadas. Portanto, é importante que haja aqui uma cooperação ao nível do país, da União Europeia e também com os EUA de forma que se possa controlar estas ameaças. É importante dizer que isso já existe hoje em dia: há uma cooperação muito estreita entre os países no sentido de identificar e controlar as ameaças existentes. Há partilha dessa informação e portanto, as empresas na área do digital e em conjunto com os centros nacionais de cibersegurança de todos os países devem estreitar essa relação. Essa conexão já existe e é positiva para a economia.