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Mercado dos suplementos alimentares atinge 200 milhões de euros em 2023

O presidente da Associação Portuguesa de Suplementos Alimentares (APARD) estima que o mercado de suplementos alimentares em 2023 atinja 200 milhões de euros. Pedro Lôbo do Vale avança ao JE que o aumento da esperança média de vida e a valorização da saúde junto das camadas mais jovens perspetivam um aumento do crescimento deste sector nos próximos anos. E reclama a redução do IVA para 13% para fazer face à desvantagem concorrencial com Espanha que tem uma taxa de 10%.

O presidente da Associação Portuguesa de Suplementos Alimentares (APARD) estima que o tamanho do mercado de suplementos alimentares em 2023 seja de 200 milhões de euros. Pedro Lôbo do Vale avança que o aumento da esperança média de vida, consequente do envelhecimento da população e a valorização da saúde junto das camadas mais jovens, perspetivam um aumento do crescimento deste sector nos próximos anos. E reclama a redução do IVA nos seus produtos para pelo menos os 13% (taxa intermédia), dando como argumento que a medida permitirá diminuir a comparticipação do Estado nos medicamentos e a afluência ao SNS, apostando sobretudo na prevenção primária, tendo como principal objetivo a diminuição da despesa do Estado.

Sobre a importância da redução deste imposto, o líder da APARD realça as desvantagens para o consumidor português e comerciais que Portugal enfrenta em relação a Espanha, onde o IVA aplicável é de 10% (menos de metade da taxa de IVA atualmente aplicável em Portugal), pois numa era digital o consumidor terá acesso a suplementos alimentares comercializados noutros países com preços mais competitivos.

Este responsável fala ainda numa tendência de aumento no consumo vitaminas ou suplementos alimentares, nos dois últimos anos, dando conta de que o crescimento do sector não é só impulsionado pelo consumidor que procura um estilo de vida saudável, mas também a satisfação e reconhecimento do benefício decorrente do consumo de suplementos alimentares.

As dificuldades com o aumento do custo de vida e na gestão dos seus orçamentos familiares está também a levar os portugueses estão a alimentar-se pior e a mais perturbações ao nível do stress do sono, levando ao recurso a suplementos com melatonina que não para de crescer. Os últimos dados conhecidos dão conta que 2,3 milhões de portugueses consomem vitaminas e suplementos alimentares. Valor que depois de uma quebra em 2019 e 2020, voltou a subir em 2021, para o segundo mais elevado dos últimos 10 anos, de acordo com um estudo da Marktest.

O presidente da APARD fala também do papel desta associação em relação em relação a todo o sector. Diz que tem vindo, a desempenhar “um papel fundamental”, de apoio junto das empresas associadas, nomeadamente na formação continua e informação legislativa nacional e europeia, assim como a estabelecer “um diálogo permanente” com as entidades oficiais reguladoras e fiscalizadoras do sector.

Quais são os suplementos alimentares mais procurados pelos portugueses?

A procura de suplementos alimentares depende sobretudo da faixa etária e do sexo. No que diz respeito às crianças, a imunidade e o crescimento são os mais procurados e em camadas mais jovens os suplementos direcionados para a performance física, estão no top das preferências.

Em relação ao sexo feminino, as perturbações digestivas, as alterações do ciclo menstrual, sistema nervoso, emagrecimento e beleza e são de facto os mais procurados. Acima dos 50 anos, há uma grande procura de suplementos alimentares para a menopausa.

No sexo masculino com idades acima dos 50 anos, os produtos para a performance sexual estão também no top dos mais procurados.

A partir dos 60 anos e em ambos os sexos, os suplementos alimentares para a memória, insónias e situação músculo-esquelética tem uma procura bastante elevada.

Para que servem os suplementos alimentares? E quem pode utilizá-los?

Os suplementos alimentares são produtos que se destinam a complementar ou suplementar o regime alimentar e fornecem doses concentradas de nutrientes ou outras substâncias, nomeadamente vitaminas, minerais, aminoácidos, probióticos, ácidos gordos essenciais, fibras e várias plantas, com efeito nutricional ou fisiológico, e que se apresentam de forma doseada, como por exemplo cápsulas, comprimidos ou ampolas.

A população em geral pode tomar suplementos alimentares, mas é necessário perceber se o suplemento alimentar é indicado para o objetivo que motiva a sua toma. O consumidor recorre aos suplementos alimentares como forma de complementar a sua dieta, assim como para melhorar o estado de saúde ou colmatar algumas carências alimentares.

Existem outros motivos que podem justificar a utilização de suplementos alimentares, tais como a melhoria da performance física e mental, a promoção do emagrecimento, o reforço da imunidade, o combate aos sintomas de fadiga, entre outros. A utilização de suplementos alimentares apresenta menos riscos para a saúde, sendo geralmente bem tolerados pela maioria da população e com menos efeitos inesperados em comparação com os medicamentos. Contudo, é sempre necessário ter um conhecimento da suplementação ou aconselhamento adequado.

Os portugueses têm maus hábitos alimentares? Que problemas de saúde são mais habituais derivados destes maus hábitos?

Existe um grande grupo da população que procura soluções naturais para uma vida mais saudável, procuram não só suplementos alimentares, mas também alimentos biológicos e nomeadamente alimentos com um perfil nutricional saudável e sempre associada à prática regular de exercício físico.

Mas apesar de cada vez mais a população estar atenta a um estilo de vida saudável, existe outro grupo da população que por diversas razões consomem alimentos com perfil nutricional pouco saudável, causando alguns desequilíbrios alimentares que aliados a outros fatores como o tabagismo, o stress, a poluição, as perturbações dos ciclos naturais de atividade e de repouso, que são algumas características da vida moderna, originam alterações e carências ao bom funcionamento do nosso organismo. E, portanto, os excessos ou carências de alguns nutrientes e ingredientes podem provocar desde sintomas leves (cansaço, queda de cabelo, unhas fracas) até complicações dermatológicas, neurológicas, problemas relacionados com a imunidade, perdas ósseas importantes, anemias, obesidade e diabetes.

A toma de suplementos alimentares aliada à prática regular de exercício físico e uma alimentação saudável e equilibrada, é fundamental para suprir essas carências ou excessos contribuindo para a saúde e bem-estar das populações em geral. Em muitos casos, a utilização de suplementos alimentares pode evitar o abuso de medicamentos ou a sua escolha quando não estritamente necessária.

Como aumento do custo de vida, os portugueses estão a alimentar-se pior? E ao nível do sono e stress, há mais perturbações?

Efetivamente as escolhas mais saudáveis podem corresponder a produtos mais caros em comparação com os produtos menos saudáveis. No entanto, é fundamental a informação ao consumidor e o seu entendimento relativamente ao perfil nutricional de cada alimento, permitindo que este faça uma escolha saudável e adequada.

No contexto social atual em que vivemos é natural que haja grandes preocupações, infelizmente os portugueses têm enfrentado algumas dificuldades com o aumento do custo de vida e na gestão dos seus orçamentos familiares e que consequentemente pode condicionar o sono e aumentar o nível de stress diário.

O uso abusivo e sem orientação de suplementos alimentares por atletas e outras pessoas que buscam desenvolver a sua massa muscular traz graves danos à saúde?

O uso de suplementos alimentares pode ajudar efetivamente na performance muscular e física dos atletas. O problema reside em produtos vendidos com a classificação de suplementos alimentares, mas que na sua composição contém ingredientes proibidos, nomeadamente medicamentos. Esta situação verifica-se principalmente quando são comprados em canais ilícitos. Os suplementos alimentares sejam eles direcionados ao desporto ou qualquer outra função são vendidos em lojas de produtos naturais, farmácias, parafarmácias e online, em sites legais, onde o risco é quase inexistente. Claro que a toma de suplementos alimentares deverá estar sempre de acordo com a indicação do rótulo e condições de utilização.

É importante realçar, que em Portugal, o processo de fabrico de suplementos alimentares segue procedimentos padronizados baseados nas regras da União Europeia e protocolos internacionalmente aceites de forma a garantir qualidade e segurança em toda a linha de produção. Só podem constar da composição dos suplementos alimentares as substâncias autorizadas e previstas na lei, assim garantindo o conhecimento perfeito dos produtos que são comercializados.

Para além da obrigatoriedade de registo junto da entidade reguladora, DGAV, os suplementos alimentares são alvo de vários controlos por diferentes organismos e avaliação, desde a EFSA (Autoridade de Segurança Alimentar Europeia), passando pela DGAV e pela fiscalização da ASAE. Por este motivo, Portugal é um país onde existe um elevado nível de controlo pelas autoridades competentes.

Qual é o papel da APARD em relação a todo o sector?

Desde 1986, a APARD "Associação Portuguesa de Suplementos Alimentares", tem vindo, a desempenhar um papel fundamental, de apoio junto das empresas associadas, nomeadamente na formação continua e informação legislativa nacional e europeia, assim como a estabelecer um diálogo permanente com as entidades oficiais reguladoras e fiscalizadoras do sector. A intercolaboração com os restantes parceiros e associações do sector alimentar, não só nacionais, mas também europeias têm também contribuindo ao bom desenvolvimento deste setor.

Os problemas de sono afetam milhões de portugueses e o recurso a suplementos com melatonina não para de crescer. Em 2020, venderam-se 600 mil embalagens. E desde esta data, quantas embalagens foram vendidas nos anos seguintes e até ao momento em 2023? E ao nível das vitaminas e suplementos alimentares em termos gerais quais são estes números?

É do conhecimento geral que todas a situações de stress, nomeadamente durante e após a epidemia do covid-19, as guerras, o aumento do custo de vida e consequente perda do poder de compra, geram naturalmente situações que afetam o sistema nervoso, nomeadamente as insónias. Não tendo dados em concreto, é natural que exista um aumento tendo em conta a prevalência das dificuldades referidas. Embora a melatonina seja recomendada e usada nestes casos com sucesso, existem outras plantas com uso seguro e que são utilizadas também com muito sucesso, como por exemplo, a valeriana, a passiflora, o lúpulo.

A toma deste tipo de suplementos alimentares é também uma alternativa à toma de ansiolíticos, hipnóticos e sedativos, quando possível.

Um estudo da Marktest refere que em 2021, 2.255 mil indivíduos afirmam ter consumido vitaminas ou outros suplementos nos últimos 12 meses, o que representa 26,3% dos residentes em Portugal Continental com 15 e mais anos. Há dados mais recentes do número de indivíduos que consome vitaminas ou suplementos alimentares, de 2022 e 2023?

Ainda não temos dados recentes, mas a tendência será para aumentar. O crescimento do sector não é só impulsionado pelo consumidor que procura um estilo de vida saudável, mas também a satisfação e reconhecimento do benefício decorrente do consumo de suplementos alimentares. A maior disponibilidade de informação e estudos sobre os suplementos alimentares, nomeadamente dos seus ingredientes e a sua importância na dieta em determinadas situações também tem sido um dos fatores de crescimento do sector.

Qual foi o volume de faturação deste sector em 2019, 2020, 2021, 2022 e estimativa para 2023? 

Estima-se que o tamanho do mercado de suplementos alimentares em 2023 seja de 200 milhões de euros.

O aumento da esperança média de vida, consequente do envelhecimento da população e a valorização da saúde junto das camadas mais jovens, perspetivam um aumento do crescimento deste sector nos próximos anos.

A APARD defende a redução IVA nos Suplementos Alimentares. Qual é a importância desta medida? Como compara Portugal ao nível fiscal com outros países europeus?

A redução da taxa de IVA distinta da normal, que é neste momento 23%, permitirá reduzir o preço dos produtos e consequentemente beneficiar o consumidor de suplementos alimentares. Também permitirá diminuir a comparticipação do Estado nos medicamentos e a afluência ao SNS, apostando sobretudo na prevenção primária, tendo como principal objetivo a diminuição da despesa do Estado.

A grande maioria dos Estados-membros, já estão conscientes da importância na promoção de um estilo de vida saudável e equilibrado, e neste sentido têm adotado taxas de IVA distintas da normal. Com efeito, na maioria dos países da UE os suplementos alimentares beneficiam já de uma taxa reduzida do IVA. Ou seja, 15 Estados Membros aplicam um IVA reduzido contra 12 que optam ainda pelo chamado IVA normal.

A média da taxa de IVA na Europa é de 14,8%, e, portanto, não há dúvidas, um valor muito menor em comparação com o atual IVA aplicado em Portugal (23%), mas a grande diferença é quando nos comparamos com Espanha, com IVA aplicável de 10%, ou seja, menos de metade da taxa de IVA atualmente aplicável em Portugal Continental aos mesmos produtos, uma desvantagem concorrencial bastante significativa com o país vizinho.

Já foi pedida a redução do IVA ao Executivo e partidos com assento parlamentar?

Sim, enviámos recentemente este pedido para que seja avaliado, não só pelo Governo, mas também pelos Grupos Parlamentares. Queremos reunir e explicar os benefícios para o consumidor, caso seja feita a redução da taxa de IVA. Também é importante realçar as desvantagens para o consumidor português e comerciais que Portugal enfrenta em relação a Espanha e outros países, pois numa era digital o consumidor terá acesso a suplementos alimentares comercializados noutros países com preços mais competitivos.