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Memória: As estátuas de alguns descontentamentos

A vandalização do monumento ao Padre António Vieira, alvo de críticas de associações de defesa de minorias desde que foi inaugurado, acendeu a polémica existente noutros países sobre estátuas de figuras do passado com ligações ao esclavagismo e ao colonialismo, havendo também em Portugal quem defenda que algumas devem ser retiradas. Apesar de Marcelo Rebelo de Sousa vir a público defender que “não há razão nenhuma que justifique destruir a História de Portugal”.

Passar junto à imponente estátua de Sebastião José de Carvalho e Melo que desde 1934 domina a praça do Marquês de Pombal, título pelo qual é recordado o “déspota esclarecido” que foi ministro do rei D. José I, faz parte do quotidiano de João Távora desde a infância. A avó materna residia na Avenida da Liberdade e mais tarde veio a trabalhar nessa artéria, pelo que lhe era inevitável ver a homenagem da cidade de Lisboa ao estadista que liderou a sua reconstrução. E que, três anos após o terramoto de 1755, conduziu o processo que levou à execução pública, com requintes de crueldade que chocaram Portugal e a Europa mesmo pelos padrões dessa época, de vários antepassados do ativista monárquico e profissional de comunicação, condenados ao suplício e à morte sob a acusação de serem mandantes da tentativa falhada de regicídio quando o monarca voltava a meio da noite de um encontro com a amante, casada com o herdeiro do Marquês de Távora.

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