Francis Ford Coppola vendeu as suas preciosas vinhas para fazer o filme que o habitava há décadas. Ao dilúvio de dólares, 120 milhões, juntou o seu manifesto torrencial para realizar um grande filme, cuja grandeza vai do grosseiro ao grotesco, sempre à beira do abismo, em delicado equilíbrio para não sucumbir à sua própria loucura monstruosa. Ou será que Coppola quer antes divertir-se nas ruínas do seu próprio excesso?
Filme operático, profético, desmedido… Fábula, anuncia o cineasta no início do filme. Parábola política e social, dizemos nós, trespassada pelo medo da deriva fascista do mundo. E muito mais, pois este é um caldo de mensagens e alertas, qual oráculo. Ficção científica ‘histórico-retrofuturista’? Godfrey Reggio e Baz Luhrmann (Romeu + Julieta) numa trip? Ante Megalopolis as certezas escorregam.