Embora as medidas de contenção decretadas pelo Governo tenham como objetivo colmatar o crescimento de novos casos de Covid-19, os boletins diários da Direção-Geral de Saúde (DGS) sugerem que as medidas vieram tarde e que esse aumento já se verifica.
Portugal voltou a atingir novos máximos de casos positivos nesta quinta-feira, ao registar mais 10.549 infeções. A última vez que se chegara a esse patamar foi a 26 de janeiro, altura em que se contabilizaram 10.765 diagnósticos positivos e se assistia a um pico de mortes. Nesse dia morreram 291 pessoas, enquanto ontem a Covid-19 fez mais 17 vitimas mortais.
O ritmo de evolução da pandemia deverá continuar a acelerar, segundo as previsões referidas pela ministra da Saúde, Marta Temido, e pela diretora-geral de Saúde, Graça Freitas, que preveem que o país chegue a “um recorde de número de casos nos próximos dias”. O número mais elevado registado desde o início da pandemia foi a 28 de janeiro de 2021, altura em que o país atravessava o período pandémico mais grave e somaram-se 16.432 casos confirmados e 303 mortes associadas ao novo coronavírus SARS-CoV-2.
“Podemos ter um cenário, dentro de dias, em que temos o dobro de casos que agora”, afirmou Graça Freitas, admitindo que a variante Ómicron será responsável por este aumento de novos casos.
Esta semana, os dados mais recentes do Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) davam conta de que a Ómicron, a variante detetada em novembro na África Austral, se tornaria na variante dominante em Portugal ainda no decurso desta semana. A 20 de dezembro cerca de 46% dos casos registados em Portugal estavam associados a esta estirpe.
Embora a variante tenha sido caracterizada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e entidades de saúde portuguesas como sendo não tão severa e apenas mais transmissível, a principal responsável da DGS disse que “pode existir uma grande pressão nos serviços de saúde” já em janeiro de 2022. Nessa altura, o país estará no período de contenção, mas a 30 realizam-se eleições legislativas.