O ateliê de Manuel Aires Mateus tem nas paredes uma série de frescos que não lembram ao diabo numa casa onde se pensa e faz arquitetura com maiúscula — aqui, procuram-se ideias próprias e uma execução sempre novas. A qualidade é a portentosa laje onde repousa o edifício conceptual (será mais certo dizer “o cânone” de Aires Mateus?) que implica pensar, repensar e resolver a maneira como vivemos. Os frescos, que vi há um ano, numa outra vida, não me saíram da cabeça. As caras estão tortas e disformes, mas não são arte, são apenas rabiscos toscos que saltaram de um pincel sem perspetiva e ângulo e olhar.