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Maior agência de rating do mundo alerta para riscos de travão à imigração em Portugal

Tanto o FMI, como a OCDE e a Comissão Europeia já tinham destacado os impactos positivos da imigração no mercado laboral nacional, num país cuja população envelhece e em que existe escassez de mão-de-obra em vários setores.

A maior agência de notação financeira do mundo deixou vários alertas sobre os riscos para a economia portuguesa da política de imigração levada a cabo pelo Governo de Luís Montenegro.

A agência de rating Standard & Poor's (S&P) prevê uma redução dos fluxos migratórios com as novas políticas que o Governo AD anunciou para a imigração.

Apesar de considerar que o mercado laboral em Portugal continua "robusto", com o desemprego a permanecer baixo (média de 6,5% entre 2025-2028), a S&P avisa que os "fluxos de imigração deverão abrandar" à medida que a "imigação se torna cada vez mais contenciosa em Portugal".

Conclusão: a imigração contribui para "aliviar a escassez de mão de obra", segundo a nota publicada no final da semana passada, no dia em que subiu pela segunda vez este ano o rating da República Portuguesa, ciclando em A+ com perspetiva estável.

A par do envelhecimento da população, menos imigração irá provavelmente "intensificar a escassez de mão de obra", avisa a S&P, que é a maior agência por receitas, superando tanto a Moody's como a Fitch.

O número de pessoas empregadas em Portugal atingiu um máximo no primeiro semestre deste ano, com um máximo histórico: quase 5,3 milhões de empregos, segundo os dados do INE.

O Fundo Monetário Internacional (FMI) deixou alertas sobre o impacto positivo da imigração no seu último relatório sobre a economia portuguesa.

"O aumento da participação no mercado laboral e uma imigração em terreno positivo levou a mais horas trabalhadas, enquanto o desemprego permanece em níveis historicamente baixos", escreveram os peritos do Fundo no relatório publicado em outubro de 2024, quando ainda não tinham sido anunciadas as medidas pelo executivo Montenegro.

Também a Comissão Europeia já se pronunciou sobre os efeitos positivos da imigração na economia nacional. "O desemprego permanece relativamente estável em 6,5% em 2024 e nos primeiros meses de 2025, à medida que tanto o emprego quanto a força laboral continuam a aumentar a um forte ritmo, ajudados pela imigração líquida", segundo a previsão de primavera de Bruxelas divulgada em maio.

A Comissão recordava que a taxa de emprego atingiu um "novo máximo histórico de 64% em 2024", prevendo uma moderação do crescimento no emprego, com os salários a subir ligeiramente face ao PIB devido a um mercado laboral "apertado em setores como as tecnologias de informação e construção".

E trabalham em que setores? Os imigrantes tendem a ocupar vagas em setores com escassez de mão de obra nacional ou que os portugueses não procuram, como a hotelaria, agricultura, limpeza ou construção, segundo um estudo da Randstad Research divulgado em julho pela "Lusa".

Em julho, um relatório da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) colocava Portugal na sexta posição entre os países da União Europeia onde os imigrantes mais contribuem para a força laboral. Sem imigrantes, a mão de obra no país teria recuado e não crescido, impedindo a queda da população ativa.

As contribuições de imigrantes para a Segurança Social atingiram um valor recorde em 2024: 3,6 mil milhões de euros. No espaço de 3 anos, o valor duplicou, disparando mais de 150%.

Os estrangeiros representam 10% da população em Portugal e contribuíram com 12% do total de contribuições.

Os brasileiros representam o maior grupo (+37%), seguidos dos cidadãos da Índia (6%) e Nepal (4%), seguindo-se Cabo Verde e Angola.

No final de 2023, outra agência de rating norte-americana já avisava que, nos "próximos anos, ao contrário de outros países a envelhecer, a Moody's espera que o impacto negativo da tendência demográfica no crescimento potencial seja mitigado pela imigração líquida sustentada".