O puzzle da governação da Região Autónoma da Madeira ainda está envolto num denso nevoeiro mas parece que já começam a existir algumas luzes a iluminar o caminho. De acordo com as informações recolhidas pelo Económico Madeira, existem alguns cenários em aberto. Um deles, e talvez o mais forte, é de que o acordo será fechado com o PAN e que este partido ficaria com a Direção Regional da Igualdade. A Iniciativa Liberal pode ainda estar na solução que assegure a maioria absoluta ao PSD/CDS-PP. Definitivamente de fora, pelo menos por agora, estará o Juntos pelo Povo (JPP), conforme confirmou o secretário-geral do partido, Élvio Sousa, ao Jornal Económico.
Começando pelo PAN. Questionada pelo Jornal Económico, a líder do PAN, Inês de Sousa Real, deixou uma não resposta quer sobre se este acordo, que asseguraria a maioria absoluta ao PSD/CDS-PP, estaria fechado quer sobre se o partido ficaria com a Direção Regional da Igualdade.
O Jornal Económico tentou entrar em contacto com a candidata do PAN, Mónica Freitas, para confirmar os mesmos rumores mas não teve sucesso até ao fecho do Jornal Económico Diário.
Isto acaba por ter o seu relevo tendo em conta que PSD/CDS-PP estão a um deputado da maioria absoluta na Assembleia Legislativa da Madeira, um problema que ficaria resolvido com o PAN que elegeu um deputado no passado domingo. Nesse particular, o mesmo se aplicaria à Iniciativa Liberal (IL) que elegeu também um deputado.
A única coisa que Inês de Sousa Real confirmou foi que não existiu [aquando do contacto do Jornal Económico], de momento, qualquer encontro com o PSD.
Outro cenário em aberto é de que a Iniciativa Liberal pode ainda estar na corrida por este acordo que asseguraria a maioria absoluta com o PSD/CDS-PP. Contudo o partido aguarda que Miguel Albuquerque (PSD/CDS-PP) diga algo sobre este dossier, conforme disse fonte ligada à força partidária, ao Jornal Económico.
PSD terá contactado IL
Ainda durante a noite eleitoral, quer o PAN quer a IL deixaram a porta aberta a acordos com a coligação PSD/CDS-PP.
Relativamente à Iniciativa Liberal, o líder e candidato da IL Madeira, Nuno Morna, disse, durante a noite eleitoral, que a força partidária não iria para o Governo mas que estava disponível para falar seja com quem for.
O Jornal Económico apurou ainda que, na noite das eleições, houve contacto do presidente do PSD, Luís Montenegro, para o líder da Iniciativa Liberal, Rui Rocha, e outro telefonema de Miguel Albuquerque para Nuno Morna.
Albuquerque diz ter solução de Governo
A noite eleitoral da Região Autónoma da Madeira deu vitória expressiva ao PSD/CDS-PP, que venceu em todos os 11 concelhos, e em 52 das 54 freguesias, mas determinou a perda da maioria absoluta, lançando um balde de água fria sobre os dois partidos que governaram a Região na última legislatura.
Apesar deste balde de água fria, Miguel Albuquerque, que tem governado a Região desde 2015, deu um volte-face, e no seu discurso de celebração, no passado domingo, afirmou que estava em condições de formar um governo de maioria absoluta, e que essa solução seria apresentado esta semana. E também afirmou: Se tal não acontecer, acrescentou, iria demitir-se como tinha prometido na campanha eleitoral.
Albuquerque confirmou logo no passado domingo que nesse acordo não estaria incluído o Chega.
A coligação PSD/CDS-PP venceu as eleições regionais da Região Autónoma da Madeira com 43,1% votos, elegendo 23 deputados, não atingindo a maioria absoluta, para a qual eram necessários 24 deputados, de acordo com os dados do Ministério da Administração Interna. A assinalar a quebra substancial do PS que passou de 19 para 11 deputados, a estreia da Iniciativa Liberal (IL) e do Chega e o regresso do Bloco de Esquerda (BE) e do PAN.
Após PSD/CDS-PP, seguiu-se o PS com 21,3% votos e 11 deputados, o JPP com dos 11% dos votos e cinco deputados, o Chega com 8,8% e quatro deputados, a CDU com 2,7% dos votos e um deputado, a Iniciativa Liberal (IL) com 2,6% dos votos e um deputado, o PAN com 2,2% e um deputado, o BE com 2,2% e um deputado.
Nas últimas eleições regionais, em 2019, venceu o PSD, sem maioria absoluta, com 39,4% dos votos e a eleição de 21 deputados. Para assegurar a maioria absoluta PSD e CDS-PP chegaram a um acordo. Os centristas obtiveram 5,7% dos votos e elegeram três deputados.
Nas eleições regionais de 2019, o PS teve 35,7% e 19 deputados, o JPP chegou aos 5,4% e três deputados, e a CDU (coligação entre PCP e os Verdes) obteve 1,7% dos votos e elegeu um deputado.