O Qatar é um país pequenino (oito vezes menor que Portugal) e pode ter tantos habitantes como a área metropolitana de Lisboa, pouco mais de dois milhões, mas o seu fundo soberano é um dos mais ricos do planeta, com uma carteira de investimentos ao redor do mundo. À frente do Qatar Investment Authority (QIA) está Mohammed Al Sowaidi, que substituiu no mês passado Mansour Ibrahim al-Mahmoud, que será o próximo ministro da Saúde deste Estado independente apenas desde 1971. Al Sowaidi tem a responsabilidade de supervisionar os investimentos do fundo soberano e definir a estratégia para garantir um crescimento a longo prazo. Sob sua liderança, o QIA realiza investimentos estratégicos em setores-chave como energias renováveis, imóveis, tecnologia, desporto, banca, imobiliário, além de procurar retornos financeiros estáveis e sustentáveis.
No Fórum Económico do Qatar, realizado em maio deste ano, o CEO sublinhou as prioridades do fundo soberano para os próximos anos. "Investimentos que são, na sua maioria, de longo prazo, e que podem valorizar-se com o tempo, sobretudo em áreas em que acreditamos: digitalização, descarbonização, sustentabilidade, inclusão, crescimento". Al Sowaidi acrescentou ainda que investindo como minoritário na maioria das vezes “ter acionistas e partes interessadas com uma visão semelhante é muito importante”.
Al Sowaidi entrou no fundo soberano em 2010, sendo responsável pelas áreas tecnológica, media, telecomunicações, indústria e private equity. Antes de ser nomeado Chief Investment Officer (CIO) trabalhou como director de banca corporativa no Masraf Al-Rayan, onde se especializou nos sectores governamentais e imobiliário. E foi ainda analista financeiro no ExxonMobil Treasury, que desenvolve e implementa políticas financeiras para as operações globais da gigante do petróleo.
Para o CEO, a atual globalização dos investimentos é um grande risco, mas também apresenta muitas oportunidades. "O importante é que todas as partes interessadas, incluindo a QIA, os decisores políticos e outros estejam prontos para investir em inteligência artificial", disse. Bastante discreto, pouco se sabe sobre a sua vida pessoal. A resiliência, a liderança e a visão estratégica e inovadora para os negócios são características amplamente reconhecidas. Possui um Global Executive MBA no Reino Unido e uma especialização em Estatística e Finanças pela Universidade do Missouri, nos Estados Unidos.
Sobre Elon Musk ainda não se pronunciou – em 2022, o fundo financiou a compra do Twitter em 375 milhões de dólares (358 milhões de euros) – mas é reconhecida a proximidade de Al Sowaidi com o mundo corporativo norte-americano, fruto dos anos que trabalhou em Nova Iorque. Tal como o anterior CEO, Mansour Ibrahim al-Mahmoud, deverá continuar a elogiar as capacidades de liderança de Musk e nem lhe pedirá para escrever menos mensagens na rede social X.