Milícias armadas, ataques terroristas, instabilidade política, e criminalidade elevada. Este é o cenário na Líbia depois da revolução de 2011 que culminou na deposição e morte do ditador Muamar Kadafi, originado pela Primavera Árabe, e que resultou em duas guerras civis e num país dividido.
Mas no meio de todo este caos, e apesar dos governos dos EUA, Reino Unido e Portugal desaconselharem viajar para este país, há uma empresa portuguesa que consegue fazer negócios na Líbia.
“A Líbia é um mercado que não existe neste momento. Está dividido em três, controlado por milícias diferentes e neste momento a GECOL [elétrica estatal], é um grande cliente nosso”, disse o presidente da Resul, companhia fundada em 1982 que vende equipamentos de energia, em particular para as redes de distribuição de eletricidade.
“Este ano vamos fornecer 3,8 milhões de euros à Líbia de um negócio que começou a ser falado em princípios de 2023. O timing é muito longo, porque a decisão é longa, há muita burocracia. Exigimos pagamentos com cartas de crédito confirmadas e irrevogáveis. E demoram algum tempo até conseguir emitir a tal carta de crédito”, acrescentou Carlos Torres em conversa com o JE.
“Eu costumo muitas vezes dizer que uma das grandes mais valias da minha empresa é o know how adquirido em África. Nós sabemos como se trabalha em África, porque é um mercado que tem muitas especificidades e muitas dificuldades e onde é preciso ter muitas cautelas. Apesar da experiência que temos, já tivemos alguns desgostos. Mas são mercados em que, por exemplo, o timing de decisão do negócio é muito longo. Sabemos que para crescer nas vendas temos que procurar novos mercados”, afirmou.
Em 2023, as vendas atingiram os 12,7 milhões de euros, com o EBITDA a crescer mais de 50%, e o EBITDA recorrente a registar um aumento de 26%, com a empresa a salientar que a venda média por cliente cresceu 18% em 2023 face a período homólogo. A exportação representou mais de 50% da receita total da empresa. No mercado nacional, a faturação dividiu-se entre a unidade de negócios de fornecimento de mercadorias e a de centrais fotovoltaicas. Para 2024, a companhia prevê um crescimento da faturação superior a 12% e um EBITDA a crescer mais de 60%, impulsionado pelo crescimento das vendas acima de 12%.