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Jogo online rende mais ao Estado: receita fiscal até junho sobe para 164 milhões

Associação do sector alerta que receitas podiam ser mais significativas se o Estado combatesse os operadores ilegais: 40% dos apostadores ainda o fazem em sites de jogo não licenciados, destaca a APAJO.

O jogo online rendeu mais receita fiscal ao Estado no primeiro semestre do ano com esta atividade económica a gerar 163,9 milhões de euros até junho deste ano, mais 1 milhão de euros face ao mesmo período do ano passado, de acordo com dados revelados esta terça-feira pela Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO). Note-se que o montante arrecadado no mesmo período do ano passado foi de 162,9 milhões de euros.

A atividade dos operadores de Jogo Online em Portugal, no segundo trimestre de 2025, gerou uma receita fiscal de 81,2 milhões de euros – um recuo de 1,8% face ao primeiro trimestre do ano. Ainda assim, o Imposto Especial de Jogo Online (IEJO) registou um aumento de 5,8% face ao mesmo período de 2024, de acordo com a análise da Associação Portuguesa de Apostas e Jogos Online (APAJO) ao relatório do segundo trimestre de 2025 do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos (SRIJ).

De acordo com o relatório do Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos, verificou-se uma desaceleração nas receitas de jogo totais no segundo trimestre do ano (287 milhões de euros, no total), que cresceram apenas 0,8% comparativamente ao trimestre anterior, e 9,6% face ao período homólogo.

Destaca a associação do sector que para este abrandamento contribuiu, em grande medida, a quebra das receitas brutas de desporto (para 109,2 milhões de euros), que recuaram quase 5% em relação ao primeiro trimestre de 2025 (embora crescendo 5,7% em termos homólogos). Entre abril e junho de 2025, o volume de apostas desportivas caiu 8,9% face aos meses de janeiro a março (-1,1% comparativamente ao trimestre homólogo), acentuando uma dinâmica já registada em cadeia.

Por outro lado, as receitas brutas de casino (177,8 milhões de euros), que subiram 12,2% em relação ao primeiro trimestre (+4,7% em termos homólogos), sustentaram o ligeiro crescimento das receitas totais no segundo trimestre – traduzindo o aumento em cadeia de 8% no volume das apostas (+15,4% face ao período homólogo). As receitas provenientes dos jogos de fortuna ou azar responderam por 62% do total da atividade de jogos e apostas online.

Em comunicado, Ricardo Domingues, presidente da APAJO, considera que a tendência de desaceleração das receitas no primeiro semestre, no seu conjunto, "já era expectável" por parte dos operadores.

"Neste período, as receitas brutas aumentaram 9% em termos homólogos, mantendo-se o relevante contributo da atividade dos operadores de jogo e apostas online para a consolidação das receitas fiscais do Estado, que aumentaram, e o seu impacto positivo para as diversas modalidades desportivas", destaca este responsável.

No entanto, Ricardo Domingues considera que é importante estar atento a uma tendência "preocupante": "Cerca de 40% dos jogadores ainda apostarem em operadores não licenciados e, por conseguinte, à margem da lei. O crescimento das receitas do Estado poderia ser mais significativo com uma aposta decidida no combate a este fenómeno prejudicial para a economia, a sociedade e os consumidores portugueses". O responsável nota que a APAJO tem recebido relatos de aumento da publicidade a operadores ilegais nas redes sociais.

Novos registos e apostadores

No período em análise, os distritos de Lisboa e do Porto destacam-se como origem do maior número de registos de jogadores (21,7% e 21,1%, respetivamente), seguindo-se Braga, Setúbal e Aveiro (no seu conjunto, com 24,2% do total de registos de jogadores). Em termos etários, 77,8% dos registos dizem respeito a jogadores com idade inferior a 45 (destes, 33,5% têm idades compreendidas entre 25 e 34 anos).

No segundo trimestre de 2025, verificaram-se 211 mil novos registos nos 17 operadores de jogos e apostas online, em simultâneo com o cancelamento de 135,5 mil registos. Assim, o número de contas com prática de jogo observou um ligeiro aumento de 1,6% face ao trimestre anterior (para 4.866,6 mil) – mas o número de novos registos tem vindo a cair consecutivamente (-21,8% face ao período homólogo). De notar que o número de registos não se traduz diretamente no número de jogadores, visto que um único jogador pode ter múltiplos registos.

Já o número de novos autoexcluídos recua 3,5% em relação ao primeiro trimestre do ano: no final de junho de 2025, encontravam-se autoexcluídos da prática de jogos e apostas online 326,4 mil registos de jogadores (mais 17,2 mil do que nos três primeiros meses do ano). São mais 69,4 mil autoexcluídos da prática de jogos e apostas online do que no mesmo período homólogo (+27%).