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JMJ: Câmara de Lisboa gasta seis milhões em equipamentos de higiene urbana

O presidente da autarquia, Carlos Moedas, confirmou ao JE que o município investiu seis milhões de euros em equipamentos de higiene urbana para as Jornadas Mundiais da Juventude, que se realizam em agosto. "Vão ficar para a cidade", assegura. Sindicatos avisam que "o diabo está nos pormenores".

A Câmara Municipal de Lisboa gastou até seis milhões de euros para equipar os serviços de higiene urbana da cidade durante as Jornadas Mundiais da Juventude (JMJ), confirmou esta terça-feira ao Jornal Económico o presidente da autarquia, Carlos Moedas.

O munícipe, que falou aos jornalistas à margem do lançamento do programa municipal de reciclagem de cápsulas de café, explica que o evento que trará o Papa a Lisboa na primeira semana de agosto trará também "um acréscimo" de desafios para os serviços de higiene urbana da cidade.

"Durante as Jornadas vamos ter um acréscimo. Para dar uma ideia: Lisboa produz 900 toneladas de lixo por dia. Durante as Jornadas nós estimamos que isso possa aumentar em 30% a 50%", diz Moedas. Ou seja, a capital poderá produzir até 1.350 toneladas de lixo por dia durante o evento religioso.

"Para as JMJ perguntam-nos os investimentos. Nós fizemos mais de 6 milhões de investimento em equipamento para a higiene urbana e isso é muito importante porque vão ficar para a cidade", assegura o presidente da Câmara.

Para dar resposta ao crescente volume de resíduos, a autarquia conduziu também nos últimos meses um processo de recrutamento de mais de 200 profissionais. "O investimento que fizemos nunca tinha sido feito antes", diz Moedas, referindo-se ao orçamento previsto de 2,4 milhões de euros anuais até 2025 - ao todo, cerca 15 milhões. Além de reforçar os quadros dos serviços de higiene urbana, Moedas diz que os trabalhadores estão a ser "valorizados" pelas condições insalubres com que têm de lidar diariamente.

A solução da atuarquia passa pelo pagamento de "uma indemnização, ou um acréscimo ao salários, pela penosidade do seu trabalho, o que não acontecia antes". Este "subsídio", como lhe chama o autarca, "serve para os valorizar".

Para reforçar a resposta da cidade, diz Moedas, "além destas pessoas que contratámos, vamos ter mais pessoas: vão ser 1.300 que estarão na cidade nesses dias das Jornadas para conseguir manter a cidade limpa. Eu tenho estado sempre presente com os trabalhadores. Aliás, vou muitas vezes ao serviço de Higiene Urbana. Vou almoçar à cantina da Higiene Urbana", diz ainda.

Nem todos os sindicatos vergam: "O diabo está nos pormenores"

À medida que se aproxima o arranque das JMJ, somam-se os receios quanto à capacidade de resposta dos serviços urbanos, nomeadamente dos transportes e da higiene urbana, dois departamentos que têm sido alvo recorrente de greves por parte dos trabalhadores.

Agora, Moedas celebra o acordo alcançado com dois sindicatos: o Sindicato dos Trabalhadores do Município de Lisboa (STML), afiliado à CGTP; e o Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas, Concessionárias e Afins (STAL). "Conseguimos dois acordos com os dois maiores sindicatos exatamente para não haver nenhum tipo de greve durante as JMJ", congratula-se o autarca.

Contudo, apurou o JE, não se chegou ainda a acordo com o Sindicato Nacional dos Motoristas e Outros Trabalhadores (SNMOT), que mantém o pré-aviso de greve para o período do evento.

"As negociações ainda estão a decorrer", diz ao JE o vice-presidente do SNMOT, Manuel Oliveira. "O pré-aviso de greve mantém-se porque não foi atingido o acordo", clarifica. "O que é extraordinário é que o descontentamento é generalizado" entre os trabalhadores da autarquia.

Sobre o acordo alcançado com os outros dois sindicatos, diz Oliveira, "é uma mão cheia de nada". "O diabo está nos pormenores", explica, dizendo que as reivindicações dos sindicatos estão "alicerçadas na liberdade que o legislador nos deu".

O responsável sindical diz ainda ter "sérias dúvidas" sobre a estimativa dada pela autarquia quanto volume de resíduos e quanto ao reforço extraordinário das equipas de higiene urbana durante o evento. Isto porque, clarifica, um visitante não produz o mesmo nível e/ou tipo de resíduos que um habitante.

Fora do âmbito das JMJ, há lutas diárias que se mantêm, nomeadamente no controlo de pragas urbanas, como ratos ou baratas. Sobre essas, Moedas acredita que está tudo "muito melhor" desde que tomou posse. "Há uma coisa de que eu tenho a certeza: quando cheguei, havia efetivamente muitas queixas", recorda.

"Obviamente, a situação ainda não é perfeita - é uma luta diária, mas está muito melhor. As queixas reduziram e o trabalho que os serviços de higiene urbana têm estado a fazer tem estado a melhorar exatamente porque têm mais equipamentos e mais pessoas", salienta.

As Jornadas Mundiais da Juventude realizam-se em Lisboa entre os dias 1 e 6 de agosto, com as principais celebrações a decorrerem entre o Parque Eduardo VII e o Parque Tejo. Em abril deste ano, a estimativa da organização era de que o evento trouxesse à cidade cerca de 1,2 milhões de jovens.