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A utilização de dados pessoais como modelo de negócio por parte de algumas redes sociais gerou um alerta global entre empresas e a população comum e que ganha agora maior peso com a evolução da Inteligência Artificial (IA).
No entanto, e ao contrário das redes sociais, ainda não é possível conhecer de que forma vai a IA implementar o seu modelo de negócio.
"Começamos agora a perceber como é que o Google, o Instagram, o WhatsApp faziam negócio com os nossos dados. São empresas que estão no mercado há mais de dez e 15 anos. Ainda demorará algum tempo até percebermos qual é o modelo de negócio da inteligência artificial", refere ao JE, Ivan Comerma, consultor e advisor da Bridgewhat, plataforma de apoio às relações e negócios empresariais.
Para Ivan Comerma, será necessário pelo menos um tempo semelhante para compreender até que ponto o negócio dos dados com a inteligência artificial está apenas entre quem gera os dados e quem os monitoriza.
"Ainda não entendemos a magnitude da monitorização desses dados quando falamos de inteligência artificial. Acho que é muito melhor que haja uma certa regulamentação até que consigamos compreender a inteligência artificial", sublinha.
O responsável que trabalha em três grandes mercados, como são os Estados Unidos, a Europa (onde vive) e a América Latina, onde passou grande parte do tempo, defende que as diferenças "são abismais", na forma de lidar com as empresas e captar investimentos.
"A grande oportunidade e onde estamos a ajudar mais clientes são as empresas, principalmente as startups. Trata-se de aproveitar o progresso e a grande diferença de evolução que os investidores e o mercado americano têm em relação à Europa e também à América do Sul", afirma.
Ivan Comerma salienta que, em muitas coisas, a América Latina está muito mais avançada do que a Europa, nomeadamente em termos de desenvolvimento e capacidade de atrair capital de investidores.
"A Europa consegue atrair muito capital de investidores europeus, mas ainda tem muitas dificuldades em atrair capital dos Estados Unidos", realça.
Sobre o impacto que poderão ter esses 15 anos de atraso da Europa em relação aos Estados Unidos, o responsável assume que tudo depende de onde e como a Europa se quer posicionar.
"A Europa continua a ser um grande criador de conteúdos e de dados, e a ser uma área rica e muito diversificada, com uma grande história e um grande legado, e é por isso que continua a ser, do ponto de vista comercial, essencial para as grandes marcas e grandes empresas que gerem estes dados", afirma.
O responsável aponta duas grandes tendências para o futuro próximo nesta área de negócio, desde logo a inteligência artificial, na qual já estamos imersos e onde o grande ponto vai ser se a IA vai ter mais ou menos autonomia, mais ou menos consciência.
Contudo, Ivan Comerma entende a tendência onde está "totalmente mergulhado" e considera que há uma grande oportunidade é em todo um movimento de empreendedores.
"O movimento de ligar startups, mesmo com grandes empresas. Hoje a grande tendência é orientada para muitas startups sobre como crescer, é o que se chama de corporate venture, ou seja, as grandes empresas fazem jointventures com pequenas startups para resolver um problema sem que isso signifique uma fusão ou algo do género", explica.
No seu entender, estas sinergias validam a tecnologia da startup, ao fazer uma parceria para resolver um problema com uma grande empresa, e as grandes empresas não devem perder tempo ou focar-se na inovação e desenvolvimento na área das startups.
Outra grande tendência no mundo do empreendedorismo para Ivan Comerma é a forma como ensinamos os nossos filhos não só a fabricar produtos, mas também a vendê-los.
"Como detetar onde estão as oportunidades, como tornar eficiente todo este conhecimento que estamos a acumular, mesmo com a inteligência artificial, onde colocamos o ser humano em comparação com a inteligência artificial e não estamos a treinar os nossos filhos nisto", conclui.