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Israel: violência multiplica-se em todas as frentes

Na fronteira com o Líbano mas também na Cisjordânia, a guerra está cada vez mais próxima. Entretanto, surgem críticas sobre a forma como está a correr o avanço das IDF em Gaza.

Pelo menos um civil israelita foi morto num ataque com mísseis antitanque lançado a partir do Líbano, uma área perto da comunidade de Yiftah (norte) – num ataque reivindicado pelo Hezbollah, mas que alegou que atacou um grupo de soldados. As forças de Defesa de Israel (IDF) disseram que os ataques a partir do Líbano têm vindo a crescem em termos de número e também de intensidade – dando mostras de que esta frente de guerra tem tudo para tornar-se mais um problema sério para Israel.

Problemas sérios está Israel a enfrentar em todas as frentes em que está envolvido, com os analistas militares a mostrarem-se surpreendidos com aquilo que consideram alguns erros infantis praticados pelas suas tropas. Para alguns deles, o avanço sobre a cidade de Gaza está a ser muito mal dirigido e as tropas das IDF colocam-se sistematicamente sob o fogo inimigo, dando mostras de pouco apuro tático na vertente da guerra urbana – onde o Hamas parece, como se esperava, bastante à vontade.

Para piorar a situação de Israel, são talvez demasiado ‘audíveis’ as críticas que estão a ser trocadas entre as chefias militares e o governo – onde Benjamin Netanyahu continua a dar mostras de ser a única voz com poder de decisão. As críticas já se manifestam há vários dias e começaram quando as chefias militares deram a entender que o compasso de espera entre o dia 7 de outubro e o avanço das tropas sobre Gaza era um erro desnecessário. De algum modo, os analistas militares continuam a questionar-se sobre se o que está no terreno em termos de forças israelitas será ou não o grosso do ataque que está prometido desde que o Hamas invadiu o sul de Israel.

Entretanto, a posição do governo está, do ponto de vista internacional, cada vez mais fragilizada. As imagens da desproporcionalidade dos meios usados contra Gaza está a erodir o apoio internacional e a calar algumas vozes. Uma das evidências disso reside no facto de, nos dias imediatos a 7 de outubro, vários governos terem aconselhado a que não se realizassem manifestações de apoio à Palestina ou mesmo proibido a sua realização – conselhos e proibições essas que entretanto desapareceram.

Do lado contrário, e talvez contra o que seria de esperar, o senador norte-americano Bernie Sanders – considerado o líder da ala mais à esquerda dos democratas, rejeitou qualquer apelo a um cessar-fogo em Gaza, rompendo com um grupo crescente de congressistas que têm feito esse pedido. A própria administração da Casa Branca pediu isso mesmo – ou talvez qualquer coisa parecida: uma pausa humanitária.

"Não sei como pode haver um cessar-fogo... com uma organização como o Hamas, que se dedica à turbulência e ao caos e à destruição do Estado de Israel. "Acho que os países árabes da região entendem é que o Hamas tem que desaparecer", disse Sanders em entrevista à CNN. Será de recordar que o senador é um dos maiores críticos de Israel no Congresso, tendo mesmo chegado a chamar o governo de Netanyahu de racista e criticando regularmente as suas políticas em relação aos palestinianos.

Entretanto, e de regresso a Israel, a Cisjordânia, onde vivem cerca de 3,5 milhões de palestinianos, está também ela a pontos de resvalar para a violência. Com vários palestinianos a decidirem sair das suas casas e as forças de segurança de Israel a reforçarem todos os entraves a uma vida normal, a agitação está a tomar conta de algumas regiões. Ao mesmo tempo, os colonos israelitas – que as leis internacionais consideram ocupantes – têm vindo a aumentar o grau de violência com que sistematicamente tratam os árabes que vivem do lado que (ainda é) palestiniano.