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Israel prepara-se para uma guerra demorada

As Forças de Defesa de Israel querem aumentar o período de tempo em que os recrutas e os reservistas estão em serviço militar. O plano vai em sentido contrário àquele que é proposto pelos países mediadores das negociações.

Depois de aumentar o contingente de recrutas que devem estar ao serviço dos militares, as Forças de Defesa de Israel (IDF) estão, segundo a imprensa israelita, a planear aumentar o período de tempo durante o qual recrutas e elementos reservistas servem nas forças armadas.

Segundo as mesmas fontes, este é mais uma evidência de que o governo israelita prevê um longo período de guerra em Gaza. As mudanças previstas nas leis do serviço de segurança e do serviço de reserva, que precisarão de ser aprovadas pelos parlamentares, incluem o regresso do serviço militar obrigatório masculino para três anos, como sucedia até 2015. Atualmente, os recrutas do sexo masculino cumprem 32 meses, enquanto as mulheres cumprem dois anos. De acordo com as mudanças previstas, soldados do sexo feminino em combate e outras funções especiais também servirão durante três anos.

Por outro lado, o corpo militar quer também aumentar a idade para aposentação do serviço de reserva. Neste momento, os militares podem aposentar-se aos 40 anos, salvo os oficiais (aos 45) e elementos que cumprem algumas funções especiais (como por exemplo motoristas, aos 49). De acordo com os planos das IDF, todas aquelas referências devem passar, respetivamente para os 45 anos, 50 e 52.

Ainda de acordo com os planos, os soldados, que atualmente são obrigados a servir 54 dias na reserva por um período de três anos, servirão em vez disso 42 dias por ano. Já os comandantes que não sejam oficiais, que cumprem 70 dias em três anos, servirão 48 dias por ano e os oficiais, que cumprem 84 dias em três anos, cumprirão 55 dias por ano. Os reservistas passarão a ter atividade operacional durante 40 dias em vez de 25 – e poderão ter compensações adicionais se se mantiverem em funções de combate.

Segundo dados oficiais, as IDF convocaram um total de 287 mil reservistas, embora muitos deles já tenham sido libertados do serviço – naquela que é a maior convocação de reservistas da história de Israel. Muitos soldados recrutas terminaram o seu serviço obrigatório já durante a guerra em Gaza, tendo continuado como reservistas.

As IDF dizem que as mudanças planeadas permitirão que os militares assumam uma posição de conjunto mais sólida e mais capaz de responder aos desafios que se colocam pelo conflito que deflagrou em 7 de outubro passado.

Todas estas movimentações implicam que Israel não prevê que a paz esteja propriamente próxima. Apesar disso, vários países continuam envolvidos em negociações nesse sentido. O secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, esteve nos últimos dias no Qatar, no Egipto e finalmente em Israel para tentar mediar esses esforços.

Mas, da parte do governo israelita, as propostas do Hamas não são aceitáveis. Elas passam principalmente por três etapas: um cessar-fogo imediato, a retirada das forças israelitas e a troca faseada de prisioneiros palestinianos por reféns. O primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu, já deixou claro que estes termos não são aceitáveis – dado que colidem com questões de segurança fundamentais para o Estado hebraico. A saída das tropas israelitas da Faixa de Gaza seria o mesmo, diz o governo, que convida o Hamas a reposicionar-se e a operacionalizar as infraestruturas que lhe restam. E isso é tudo o que Israel não pode nem quer permitir.

Os países mediadores parecem ser mais prudentes nas suas propostas: uma paragem na guerra (e não um cessar-fogo) idêntica há que foi conseguida há umas semanas atrás, e a troca de prisioneiros por reféns. Do seu lado, o Hamas já disse que a repetição do plano anterior não é suficiente.