Deverá acontecer pelas 10 horas da manhã (8 horas em Lisboa). É a hora a que está previsto que o acordo de troca de reféns seja processado – e depois, em princípio, tudo voltará ao ‘normal’: à guerra. Mas o caminho até ás 10 horas foi bem longo – mais do lado de Israel que dos palestinianos. Enquanto o Hamas conseguiu rapidamente o acordo da Jihad Islâmica (o segundo grupo radical mais importante de Gaza) para cumprir a pausa, o governo de Israel demorou bem mais tempo. E teve primeiro de vergar a vontade contrária da extrema-direira e dos partidos religiosos fundamentalistas com lugar no governo de crise. Como também teve, esta quarta-feira, de se haver com uma queixa em tribunal contra o próprio acordo.
De facto, segundo a imprensa israelita, o Supremo Tribunal Justiça viu-se obrigado a rejeitar uma petição apresentada por uma organização de Almagor (um colonato ilegal em território palestiniano) contra o acordo. O tribunal decidiu que o governo tem autoridade para fazer o acordo, ou este tipo de acordos, ao contrário do que entendia a petição.
A decisão abre caminho para que o acordo de troca, no qual Israel libertará 150 prisioneiros de segurança palestinianos em troca de 50 reféns mantidos pelo Hamas, vá por diante. Segundo a imprensa, o juiz Alex Stein rejeitou os argumentos de Almagor de que o acordo viola o direito à igualdade dos reféns, dizendo que é uma responsabilidade moral trazer cativos para casa, citando o erudito rabínico medieval Maimónides. Dito de outra forma: os que apresentaram a petição pretendiam que o governo encontrasse forma de trazer de volta os reféns sem que tivesse que prestar qualquer tipo de contrapartida.
"Este assunto difícil está inteiramente no âmbito das considerações sobre guerra e paz, e de política externa, que estão nas mãos do governo. Esta é uma questão clara de política que o tribunal não pode abordar, algo que enfatizamos repetidamente em várias decisões" anteriores, escreveu Stein.
Por seu turno, o líder da Mossad, a ‘secreta’ para assuntos externos, David Barnea, foi esta quarta-feira a Doha para reunir com o primeiro-ministro do Qatar, Mohammed bin Abdulrahman bin Jassim Al Thani, para discutir os detalhes finais do acordo dos reféns. A viagem indica, segundo a imprensa, que ainda há pontas soltas que Israel quer debater, embora as partes tenham aprovado formalmente o acordo.
Aparentemente, permanecem dúvidas sobre o mecanismo através do qual os reféns serão libertados, bem como a hora do início do cessar-fogo. Entretanto, as 10 horas de hoje parece ter sido a decisão final, acordada entre as duas partes.
Segundo a Al Jazeera, os libaneses do Hezbollah afirmaram que cumprirá o cessar-fogo de quatro dias previsto para começar amanhã, embora não tenha feito parte das negociações entre Israel e o Hamas. O grupo deixará de disparar contra Israel a partir do sul do Líbano se Israel aderir ao cessar-fogo. No entanto, qualquer violação do cessar-fogo será recebida com uma resposta feroz, acrescenta a fonte citada pelo jornal do Qatar.
Tal como estava previsto, as forças de defesa de Israel (IDF)continuaram a sua campanha em terras de Gaza. A Brigada de Infantaria Givati capturou um quartel-general do Hamas no norte de Gaza, no bairro de Sheikh Za'id. De acordo com as IDF, vários altos quadros do Hamas vivem em Sheikh Za'id, e o bairro também tem uma série de complexos pertencentes ao grupo, incluindo forças de elite Nukhba.
As IDF dizem que as tropas de Givati invadiram o complexo, encontrando vários poços de acesso a túneis, incluindo uma entrada "estratégica" que tinha cerca de 50 metros de profundidade e sete metros de largura.
Mais tarde, tropas da Brigada de Paraquedistas invadiram o bairro de Tel al-Hawa, na Cidade de Gaza, capturando um posto avançado do Hamas e ocupando uma divisão de inteligência, onde terão capturado "materiais de inteligência, equipamentos técnicos e informações significativas sobre a infraestrutura subterrânea do Hamas". Durante o ataque ao posto avançado do Hamas, as tropas mataram vários agentes inimigos e encontraram uma oficina de fabricação de drones, morteiros e outras armas.