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Israel: Mercados antecipam pico do preço do petróleo esta segunda-feira

Dependendo do tempo que a guerra demorar – a de 2014 estendeu-se por 50 dias – o petróleo será mais ou menos afetado, como sucede em todas as crises no Médio Oriente.

Os preços do petróleo bruto podem atingir um pico de preços já esta segunda-feira, mas o impacto geral do ataque a Israel por militantes palestinos do Hamas provavelmente será limitado, disseram especialistas em energia citados pela CNBC. Isto, evidentemente, desde que o conflito não se agrave ainda mais – o que está longe de ser uma certeza.

A mensagem ‘à contrário’ é, portanto, que se o conflito se estender – o que é muito provável dado que Israel se encontra em estado de guerra com o Hamas e já prometeu severas consequências face ao ataque do Hamas este fim-de-semana – os preços do petróleo tenderão a reagir em alta. Aliás, é tradicionalmente isso mesmo que sucede quando se instala uma crise no Médio Oriente. Destra vez, com o contexto da guerra na Ucrânia e o petróleo russo a ser escoado apenas para os países ‘amigos’, as consequências negativas podem ser ainda mais profundas.

Este domingo, o petróleo Brent estava a cotar um pouco acima do 84 dólares por barril – ainda sem incorporar qualquer anomalia do mercado. De qualquer modo, “podemos ver um aumento nos preços do petróleo quando os mercados abrirem na segunda-feira”, disse Vandana Hari, CEO da Vanda Insights, à CNBC. “Haverá algum prémio de risco até que o mercado esteja convencido de que o conflito não está a desencadear uma reação em cadeia e o fornecimento de petróleo e gás do Oriente Médio não será afetado”, disse Hari.

Internamente, a economia israelita já está a sofrer com o conflito. Os preços das ações e obrigações israelitas caíram e muitos negócios foram encerrados no domingo, um dia depois do reinício do conflito, segundo reporta a agência Reuters.

O principal índice de ações de Tel Avive (o TA125), encerrou em queda de quase 7%, puxada por uma depreciação de 9% nas ações bancárias, ao mesmo tempo que os preços dos títulos do governo caíram até 3%.

Com o mercado de câmbios fechado aos domingos, o shekel, a moeda local, já está no seu nível mais fraco do ano devido ao plano altamente contestado do governo para reformar o poder judiciário. A base de partida é por isso já bastante negativa, mas não haverá forma de impedir novas descidas.

“Espera-se que o conflito seja mais prolongada e severo que as anteriores, claramente tendo um impacto mais negativo na economia e no orçamento fiscal”, disse Jonathan Katz, economista-chefe da Leader Capital Markets, citado pela Reuters. “O shekel provavelmente enfraquecerá acentuadamente esta segunda-feira”.

Recorde-se que o ministro das Finanças, Bezalel Smotrich, instruiu os chefes dos departamentos ministeriais a fornecerem rapidamente os orçamentos necessários para pagar a guerra.

Do seu lado, e ainda segundo a Reuters, o Banco de Israel disse que é ainda muito cedo para avaliar os danos económicos do conflito, mas recordou que a guerra com o Hamas em 2014, que durou cerca d 50 dias, que causou danos de 3,5 mil milhões de shekels (quase 900 milhões de euros), ou 0,3% do PIB de então. O BC projeta um crescimento da economia de 3% em 2023 e 2024.

Entretanto, a Delta Linhas Aéreas avançou que os voos de e para Israel e Nova Iorque e Atlanta foram cancelados até esta segunda-feira, enquanto a United Airlines afirmou que “as operações aeroporto de Tel Avive serão suspensas até que as condições permitam a retoma”. A Air India disse que os voos de e para Tel Aviv serão suspensos até 14 de outubro.

No caso de Portugal, as forças armadas estão a preparar um voo especial para recolher cidadãos portugueses em território israelita que tenham manifestado vontade de sair. O voo aguarda agora autorização de sobrevoo por parte das autoridades locais.