Num quadro em que o mundo continua suspenso pela promessa israelita de atacar a Faixa de Gaza por terra – e que por mais um dia não se verificou – e que o país foi visitado pelo presidente dos Estados Unidos, Joe Biden – o exército de defesa (IDF) anunciou que conseguiu eliminar um dos líderes do Hamas.
Segundo avança a imprensa israelita, um ataque aéreo israelita à Faixa de Gaza na tarde de terça-feira matou o chefe da Brigada Central de Gaza do Hamas, o comandante Auman Nofal – ao mesmo tempo que o ministro da Defesa alertou os membros do grupo que precisam de escolher entre a rendição e a morte.
“Os nossos aviões de guerra chegarão a todos os lugares... cada míssil tem um endereço. Vamos alcançar todos e cada um dos membros do Hamas", disse Gallant. “Os membros do Hamas têm duas opções: ou morrem nas suas posições ou entregam-se incondicionalmente. Não há terceira opção. Vamos acabar com o Hamas e desmantelar todas as suas capacidades".
As notícias dão conta de que que 14 outras pessoas foram mortas no ataque a uma casa pertencente à família de Ismail Haniyeh, que vive no Qatar, incluindo um seu irmão e um sobrinho. O próprio Haniyeh vive no Catar. O comandante morto era também membro do Conselho Militar Geral da organização e foi suprimido num ataque ao campo de refugiados de Bureij.
Entretanto, a visita de Biden esta quarta-feira assume um posicionamento especial. Vale a pena recordar que Biden recusou visitar Israel desde que Benjamin Netanyahu voltou ao poder, em dezembro de 2022 – apesar de toda a pressão exercida pelos republicanos, por uma parte dos democratas e pela poderosa comunidade hebraica a viver nos Estados Unidos. Biden resistiu a empreender a visita dando assim um sinal claro de que a Casa Branca sentia pouco entusiasmo pelo regresso de Netanyahu ao poder – seguindo uma linha diplomática que começou quando Barack Obama era presidente (e Biden vice-presidente). A visita desta terça-feira serve por isso para dar um inequívoco sinal contrário: a Casa Branca está totalmente ao lado de Israel nesta sua guerra contra o Hamas e fica à espera que os seus ‘associados’ façam o mesmo. Foi aliás para isso mesmo que serviu o encontro de líderes dos 27 países da União.
Os bombardeamentos de Gaza continuaram ao longo do dia, ao mesmo tempo que a tensão na fronteira entre Israel e o Líbano também aumenta – dando indicações preocupantes de que Israel terá que se haver com duas frentes de guerra. E ainda falta perceber-se se os radicais islâmicos conseguem ou não criar uma terceira frente a partir da Síria.
As IDF dizem, ainda segundo os jornais, que estão a realizar novos ataques aéreos contra posições do grupo Hezbollah no sul do Líbano, em resposta aos recentes ataques na fronteira norte. Esta terça-feira, o grupo libanês lançou seis mísseis antitanque contra cidades israelitas e postos militares ao longo da fronteira. Dois foguetes e um drone também foram lançados contra o norte de Israel.
Por outro lado, o Egipto anunciou que ainda está a negociar com Israel a entrega de assistência humanitária e de combustíveis a Gaza a partir dos pontos de passagem que se situam na fronteira comum. Mas Israel parece estar pouco convencido a aceitar, uma vez que teme que essa ajuda acabe por auxiliar á sobrevivência dos próprios membros do Hamas. Se for assim, fica claro que, para Israel, os palestinianos de gaza são ‘confundíveis’ com os membros do grupo radical.
O Egipto propôs também que as Nações Unidas supervisionem o processo com a ajuda das forças egípcias. Estados Unidos, Qatar, ONU e vários países europeus estão envolvidos nas negociações, que são lideradas por agências de segurança do Egipto e de Israel.
Ainda sobre a questão dos refugiados, Referência ainda ao facto de o secretário de Estado dos Estados Unidos, Antony Blinken reuniu com o presidente da Autoridade Palestiniana, Mahmoud Abbas, na Jordânia, no âmbito da sua verdadeira maratona de compromissos diplomáticos em sete países da região.